sábado 04 de maio de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 04/05/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

‘A porta da humildade’

18 dezembro 2022 - 05h00

Existe uma porta que dá acesso à Igreja da Natividade, em Belém, na Palestina, que mede apenas 125 centímetros de altura. Para entrar por ela o visitante é obrigado a se abaixar, sendo que muitos chegam a perder o equilíbrio nessa tentativa. Essa porta foi construída no século 13 com o objetivo de impedir que perigosos cavaleiros entrassem. Com o passar dos séculos ela continuou com o mesmo nome - "A Porta da Humildade". Esse nome é muito expressivo, porque a humildade deve ser uma característica de todo cristão. A Bíblia nos lembra de que o orgulho precede a queda. Precisamos descer do pedestal da prepotência e autossuficiência, reconhecendo que sem Jesus nada somos. Essa época do Natal é cheia de brilhos, luzes cintilantes, enfeites, tudo relacionado a muito glamour. Mas, na realidade, no que diz respeito ao nascimento de Jesus, os evangelhos retratam um ambiente de simplicidade e humildade. A começar pela escolha da mãe do Salvador, Maria, uma jovem anônima, moradora de uma pequena cidade, que se considerou simplesmente uma serva e se disponibilizou para ser a mãe do Salvador, mesmo pagando o preço da incompreensão de sua gravidez excepcional. São dela as palavras de louvor a Deus: "A minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por causa de Deus, o meu Salvador. Pois Ele lembrou de mim, sua humilde serva! De agora em diante todos vão me chamar de mulher abençoada". (Lucas 1:46-48) Aprendamos com Maria a servir a Deus, aos nossos irmãos, ao nosso próximo, com alegria e disponibilidade. José foi o pai escolhido por Deus para ser o pai de Jesus aqui na Terra. Era um homem simples, descendente de Davi, temente e obediente a Deus, carpinteiro de profissão. Ao saber da gravidez de Maria, pensou em desmanchar o contrato de casamento sem ninguém saber. Todavia, um anjo apareceu a ele, confirmando que aquela gravidez era sobrenatural, gerada pelo Espírito Santo. Aprendamos com José a ser humildes no reconhecimento de nossos erros, corrigindo a nossa trajetória, quando necessário. José foi um homem que protegeu a sua família. Quando Herodes mandou matar todos os meninos com menos de dois anos em Belém e nas suas vizinhanças, visando ao menino Jesus, José obedeceu às instruções do anjo do Senhor, fugindo com a sua família para o Egito. Lá ficaram até a morte de Herodes. (Mateus 2:13-18) Depois de receber em um sonho mais instruções, José voltou para a região da Galileia e ficou morando em Nazaré. Cada acontecimento representava o cumprimento de uma profecia. É preciso muita humildade para continuar obedecendo à voz do Senhor, quando não conseguimos entender bem aquilo que está acontecendo conosco. José e Maria tiveram que fazer uma viagem longa, difícil, para cumprir uma determinação legal, para eles e para todos. Ser parte da linhagem de Davi trazia um preço alto - tinham que se registrar em Belém, cerca de 120 km de onde viviam, na época. Ao chegarem em Belém, cansados, exauridos, sem muito dinheiro, depois da longa viagem, chegou a hora do bebê nascer. Não havia lugar em nenhuma estalagem, a cidade estava cheia. Então, o único lugar possível foi a estrebaria. Ali, Maria teve o seu bebê, enrolando-o em panos, talvez de suas próprias roupas, e usando como berço uma manjedoura. (Lucas 2:6-7) Foi em Belém, conforme predissera o profeta Miquéias: "Você, Belém, da terra de Judá, de modo nenhum é a menor entre as principais cidades de Judá, pois de você sairá o líder que guiará o meu povo de Israel". (Miquéias 5:2) Um ambiente humilde. Uma cidade sem tanta importância na época, que a partir do nascimento de Jesus ganhou visibilidade e notoriedade, por razões diferentes. No caso de Herodes, a intenção era localizar o menino para matá-lo, por medo de perder o reinado da Judeia. Para os reis sábios a intenção era bem outra - encontrar o menino para adorá-lo. Eram reis, mas se prostraram diante do pequeno bebê como servos, com o coração sincero e feliz, oferecendo o que tinham de melhor para ele, presentes cheios de significado - ouro, incenso e mirra. O ambiente era simples, a cena era simples. Mas eles reconheceram a grandeza quando a encontraram. E nós? Podemos ver grandeza na simplicidade? Temos humildade para reconhecer a grandeza de Deus, a grandeza de um gesto, de uma situação, de um momento, de uma atitude? O evangelho segundo Lucas conta sobre os anjos que cantaram hinos de louvor a Deus pelo nascimento do Salvador. Depois, eles levaram a boa notícia aos pastores, que guardavam os seus rebanhos durante a noite. (Lucas 2:8-20) Os pastores também foram ver o menino, numa atitude de adoração, humildade e felicidade. Os pastores eram pessoas simples, cuja profissão não era valorizada pela sociedade. Mas Deus os enxergou como anunciadores da boa notícia de que o Salvador havia chegado. Deus também os escolheu, e os tirou do anonimato e da invisibilidade. Humilde e alegremente ouviram a voz de Deus e foram participantes de momentos extraordinários.