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Jornal Diário de Suzano - 08/05/2024
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Coluna

Um mundo dividido

29 outubro 2023 - 05h00

Estamos vendo um mundo cada vez mais dividido, onde o que move grande parte das pessoas, das empresas, das nações, é o interesse próprio, ainda que isso signifique sacrificar princípios da cultura de paz, de justiça, de solidariedade e de humanidade. Um exemplo mais recente disso é a questão de toda essa discussão na ONU em que não se consegue avançar na direção de um consenso quanto ao envio de ajuda humanitária suficiente para a população da Faixa de Gaza. Como se fosse um jogo de quem pode mais, alguns dos países com poder de veto embargam o que poderíamos chamar de avanços nas deliberações. Enquanto isso, dos dois lados, a população sofre, o número de vítimas continua aumentando, as famílias dos reféns continuam desesperadas, sem vislumbrar o lampejo de uma luz no fim do túnel. Temos visto que as instituições democráticas passam por um processo de falta de credibilidade. E isso é muito perigoso, porque alimenta a ideia de que cada um deve resolver os seus problemas por conta própria, da forma que achar melhor, mesmo que tenha que usar para isso a opressão, a violência, a barbárie. É difícil entender as contradições de nosso tempo. Aquele que defende um cessar-fogo entre Israel e Hamas é o mesmo que invadiu com as suas tropas a Ucrânia, causando grande destruição. Tudo isso parece uma loucura; infelizmente, atos de loucura premeditados. O diálogo entre as pessoas, entre as nações, parece cada vez mais difícil. Em pleno século XXI presenciamos os "muros" se levantarem por todos os lados. Ao mesmo tempo em que a inteligência artificial vai crescendo, e o mundo vai avançando em tecnologia virtual, vemos que as pessoas têm mais dificuldade para se relacionar. Os dados mostram um número crescente de crianças e adolescentes que têm pouca interação com os pais. Ficam trancados no quarto, participando de algum jogo eletrônico, entrando em sites considerados perigosos, vivendo em uma realidade virtual. É um isolamento que já está trazendo consequências desastrosas. Esse não é o padrão de vida que Deus tem para nós. Isolar-se não é sinal de sabedoria. Somos seres relacionais. Podemos ser "pontes" em vez de "muros". Alguém está precisando de uma ajuda que você pode oferecer. Se o problema foi parar em suas mãos, você pode fazer parte da solução. Não dá para nos omitirmos, fazendo de conta que o problema não é nosso. O mundo está assim porque grande parte da humanidade está vivendo de forma egoísta e individualista. Em um mundo tão dividido, podemos ser a ponte da resposta de Deus na vida de alguém. No meio do desespero, podemos ajudar; inclusive, um inimigo. Enquanto muitos estão por aí defendendo a tese do "olho por olho, dente por dente', uma mocinha, escrava israelita, que trabalhava na casa do general Naamã, herói de guerra e doente de lepra, foi porta-voz de uma notícia que significou a cura para ele. A menina contou para a patroa que na cidade de Samaria havia um profeta de Deus (Eliseu), que poderia ajudar Naamã a ficar livre da lepra. Naamã foi procurar o profeta, resistindo às orientações dadas por ele. Mas, por fim, resolveu ceder. Depois de mergulhar sete vezes no rio Jordão, conforme as instruções do profeta, foi curado. Tornou-se, então, um adorador do Deus de Israel. (II Reis 5) Essa menina, creio que fosse uma adolescente, tinha sido levada como escrava pelos exércitos do próprio general Naamã. Tinha muitos motivos para guardar ódio e ressentimento. E querer vingança. No entanto, ela não agiu motivada pelos maus sentimentos. Quando o seu inimigo precisou dela, não encolheu as mãos, não reteve as informações que fizeram a diferença entre a vida e a morte para Naamã. O nome dessa menina nem aparece na história bíblica. Mas o que ela fez jamais será esquecido! A condição dela era desfavorável, mas a prontidão em ajudar foi inigualável! Da mesma forma, podemos seguir esse lindo exemplo de altruísmo!