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Jornal Diário de Suzano - 18/12/2025
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Editorial

O valor do voto

18 dezembro 2025 - 05h00Por editoracao

No próximo ano, o Brasil volta a viver um dos momentos mais relevantes de sua vida democrática: a escolha do presidente da República, de deputados e de senadores. Trata-se de uma eleição ampla, que definirá não apenas o rumo do Poder Executivo, mas também a composição do Congresso Nacional, instância decisiva para a aprovação de leis, a fiscalização do governo e o equilíbrio entre os Poderes. Diante desse cenário, reafirmar a importância do voto e do comparecimento às urnas não é um gesto retórico, mas uma necessidade cívica.
O voto é a principal ferramenta de participação política do cidadão em uma democracia representativa. Por meio dele, a sociedade delega poder, confere legitimidade e estabelece prioridades. Abster-se de votar, anular o voto por desinformação ou escolher de forma irrefletida significa abrir mão dessa prerrogativa e, em última instância, permitir que decisões cruciais sejam tomadas sem a devida participação coletiva. Em um país marcado por desigualdades históricas e desafios estruturais, cada voto conta — não como um ato isolado, mas como parte de um esforço comum para moldar o futuro.
Ir às urnas, contudo, não deve ser encarado apenas como uma obrigação legal. Trata-se de um compromisso ético com a democracia. Regimes autoritários, ao longo da história, tiveram como primeiro alvo o direito de escolha. Quando a participação popular é enfraquecida, o espaço para arbitrariedades se amplia. Comparecer para votar é, portanto, um ato de defesa institucional: reafirma-se a confiança nas regras do jogo democrático e a disposição de aperfeiçoá-las por meio do debate e do pluralismo.
A relevância do voto também impõe uma responsabilidade adicional ao eleitor: a escolha consciente. Em tempos de excesso de informação, redes sociais e campanhas digitais altamente profissionalizadas, cresce o risco da desinformação e da polarização vazia. Promessas fáceis, discursos de efeito e ataques pessoais não substituem propostas consistentes, histórico público e compromisso com a Constituição. Avaliar um candidato exige atenção ao seu passado, à viabilidade de seus projetos, à capacidade de diálogo e ao respeito às instituições.
Essa atenção deve se estender a todos os cargos em disputa. A eleição presidencial costuma concentrar holofotes, mas deputados e senadores desempenham papel igualmente central. São eles que elaboram e votam leis, definem o orçamento, investigam irregularidades e podem frear ou impulsionar agendas governamentais. Um Executivo eleito sem um Legislativo responsável tende ao impasse; um Congresso desalinhado com os interesses públicos pode comprometer avanços sociais e econômicos. Votar bem para o Parlamento é tão decisivo quanto escolher o chefe do Executivo.
Outro aspecto essencial é a compreensão de que a democracia não se resume ao dia da eleição. O voto inaugura um ciclo de acompanhamento, cobrança e participação contínua. Cidadãos informados fiscalizam mandatos, cobram coerência entre discurso e prática e utilizam canais institucionais para manifestar demandas. Ao votar com consciência, o eleitor fortalece esse ciclo virtuoso e contribui para elevar o nível do debate público.
Por fim, é preciso lembrar que o desencanto com a política, embora compreensível diante de crises e escândalos, não pode resultar em apatia.