O ex-jogador francês Michel Platini divulgou ontem uma carta que enviou para as 209 federações nacionais que formam o colégio eleitoral da Fifa em que confirma a sua candidatura para ser o sucessor de Joseph Blatter na eleição marcada para o dia 26 de fevereiro de 2016. Mas se recusou a falar com a imprensa e não apresentou um plano de governo. No texto, ele promete uma nova era no futebol, a volta da "dignidade" e uma Fifa "amada e popular". O francês passou a buscar apoios assim que Blatter anunciou, poucos dias depois de ser reeleito, que não cumpriria o mandato e convocaria uma eleição extraordinária para entregar o poder. Assim, Platini fechou acordos de apoio na Europa, na Ásia e no Oriente Médio para não depender de votos da América do Sul e da África - regiões em que Blatter ainda tem influência para impor um candidato que atenda aos seus interesses. Uma aliança importante foi fechada com dois xeques árabes: Salman bin Ebrahim al-Khalifa, presidente da Confederação Asiática de Futebol, e Ahmad al-Fahad al-Sabah, do Kuwait. Juntos, esses dois garantiram a vitória do alemão Thomas Bach na eleição do Comitê Olímpico Internacional (COI). Eles conseguiriam amealhar para Platini quase 50 votos fora da Europa, praticamente garantindo seu sucesso na eleição. Em troca, o francês prometeu que não tocaria na Copa do Mundo do Catar, em 2022. Platini também saiu em busca dos parceiros comerciais da Fifa e, na carta desta quarta-feira, sugeriu que a atual gestão não está apta para lidar com as "mudanças econômicas" no futebol. A entidade não consegue atrair novos patrocinadores e um programa para levantar US$ 200 milhões com 20 novos parceiros foi engavetado até que o comando seja mudado. Os grandes clubes europeus também estarão ao lado de Platini, fazendo campanha para ele nos bastidores. Como presidente da Uefa, nos últimos anos o francês incrementou o poder dos clubes dentro da entidade e elevou os prêmios financeiros. Esse, porém, é um dos grandes obstáculos para que ele receba apoio de outras partes do mundo que temem estar elegendo um representante dos clubes e não das federações. Em sua carta, Platini abordou o assunto. "À frente da Uefa reuni o continente europeu em torno de um projeto agregador. Dei a cada federação, de menor ou maior dimensão, o lugar que ela merece. Agora ambiciono fazer o mesmo em nível mundial, oferecendo a todas as federações um projeto comum", diz o comunicado do ex-jogador francês.