Ricardo Reis de Faria, acusado da morte de seus três filhos adotivos após um incêndio na casa onde viviam em Poá, em fevereiro de 2021, foi condenado a 67 anos e 14 dias de prisão em regime fechado.
O julgamento começou na manhã de quarta-feira (21), no Fórum da Barra Funda, na capital paulista, e terminou na madrugada desta sexta-feira (23).
Na época, a Justiça determinou a prisão temporária de Ricardo um dia após o incêndio, e ele permaneceu detido desde então.
Segundo o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), o empresário foi condenado por homicídio triplamente qualificado, crime caracterizado por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas.
O Conselho de Sentença foi composto por sete jurados, sendo cinco mulheres e dois homens. Oito testemunhas foram ouvidas, divididas entre quatro de acusação e quatro de defesa.
A Justiça negou ao réu o direito de recorrer em liberdade, pois ele respondeu a todo o processo preso.
Caso
O crime ocorreu em fevereiro de 2021. Os irmãos Fernanda Verônica Reis de Faria e Vieira, de 14 anos; Gabriel Reis de Faria e Vieira, de 9 anos; e Lorenzo Reis de Faria e Vieira, de 1 ano e 11 meses, morreram carbonizados após o quarto onde dormiam pegar fogo.
Fernanda e Gabriel foram adotados em 2014 por Ricardo e Leandro José Reis de Faria e Vieira, um casal homoafetivo. Lorenzo foi adotado alguns anos depois.
O incêndio ocorreu na casa de Ricardo, que estava separado de Leandro, com quem compartilhava a guarda das crianças. Por volta das 4h30, o Corpo de Bombeiros foi chamado para atender uma ocorrência de incêndio na residência localizada na Rua Fernando Pinheiro Franco, no Centro de Poá, próximo à Delegacia de Poá, onde Ricardo correu para pedir ajuda.
Contradições
O delegado Eliardo Jordão afirmou, na época, que o pedido de prisão foi feito após Ricardo apresentar contradições em seu depoimento à polícia.
"Primeiro, ele disse que acordou por causa da fumaça e tentou arrombar a porta e até a janela para sair, além de afirmar que as crianças não estavam lá. No entanto, antes disso, ele havia dito a um dos policiais que seus filhos estavam na casa e que a porta estava trancada. Outro ponto é que o bebê costumava dormir no quarto do pai, mas, no dia do incêndio, estava no quarto dos irmãos, que estava fechado. Além disso, uma testemunha relatou ter ouvido gritos de socorro de uma das crianças", explicou o delegado.
O DS procurou o advogado de defesa mas não conseguiu contato.