Será possível comparar os tempos da colonização do Brasil com os dias atuais, levando em consideração o sistema homogêneo das duas épocas? Em seu Trabalho de Conclusão de Curso de Letras, a moradora do Jardim América, em Poá, Beatriz Abdalla, de 22 anos, traz à tona um assunto de importante relevância para o momento pelo qual o Brasil passa atualmente, sobretudo com questões sociais.
Com a proposta de fazer uma análise sobre a colonização do Brasil e as fragilidades existentes no País até os dias atuais, a professora fez um artigo de cerca de 15 páginas intitulado "A colonização do Brasil em Sangria : jorros de resistência" e mostrou que há semelhanças do Brasil atual com o de 200, 300, 400 anos atrás.
Apesar de formada em letras há pouco tempo e da pouca idade, Beatriz já ministra aulas e mostra maturidade e domínio para falar sobre o assunto. Ela se formou na Universidade Federal de Catalão (UFCAT), que fica na cidade de mesmo nome, no Sul de Goiás, onde ganhou bolsa e concluiu o curso.
Durante a trajetória, ela comparou os tempos da colonização com os atuais e analisou a sistematização das coisas - também como elas eram antes -, de acordo com o corpo da mulher. Para isso, utilizou o livro Sangria, da poeta Luiza Romão, e notou que apesar do tempo passado, a opressão ainda ocorre no Brasil – não só com as mulheres, mas com várias outras pontas sociais que sofrem com esse problema.
“Não tem como não fazer uma análise comparativa. Estudei a partir de uma literatura feminista para entender esses poemas. São poemas muito fortes, coisas atuais, que retratam o sistema homogêneo que a gente tem, que é branco, heterossexual, machista, que oprime as mulheres de alguma forma. E esse livro é um retrato dessa opressão da época da colonização até os dias atuais. Analisei a época da colonização a partir de um dos poemas que tratam o Brasil como mercadoria e as mulheres como mercadoria. Ele mostra muito o machismo da época e o que a gente tem de machista agora na sociedade, além do ‘embranquecimento dos negros’”, explicou.
Em tempos difíceis de pandemia, tudo se tornou mais difícil ainda. Durante o processo de criação do artigo, Beatriz sofreu como milhares de estudantes que precisaram se reinventar para aprender.
“Além do abalo psicológico que tivemos, algumas complicações com a era digital (dificultaram). Estávamos nos habituando ao uso das redes um pouco mais, mas não tivemos opções, precisamos reconfigurar. Minhas orientações foram diferentes, de online. Ganhei muita coisa, mas perdi muita coisa também”.
Recentemente, Beatriz também escreveu um capítulo de um livro, sobre as interfaces da pandemia diante da educação, e o livro fala sobre as tecnologias digitais, informações e a pandemia dentro da educação. Ela avaliou a experiência: “Foi uma experiência muito bacana. Escrevendo neste livro, consegui estudar e me aprimorar mais para saber quais serão os resquícios desta pandemia para a educação”, disse.




Beatriz Abdalla fez um artigo de cerca de 15 páginas intitulado "A colonização do Brasil em Sangria : jorros de resistência" - (Foto: Regiane Bento/DS)




