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Jornal Diário de Suzano - 07/12/2025
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Cidades

Autoescolas de Suzano são contra proposta sobre fim de curso obrigatório para CNH

Processo para tirar a habilitação poderia ficar até 80% mais barato e rápido com o novo modelo

03 agosto 2025 - 13h00Por Da Reportagem Local

O estudo do governo federal para uma mudança prevendo o fim da obrigatoriedade das aulas em autoescolas para a emissão da CNH repercute em Suzano.

A proposta do Ministério dos Transportes faria com que os cursos teórico e prático se tornem opcionais, permitindo que o candidato estude por conta própria, com um instrutor particular ou ainda pela autoescola, se preferir. O processo para tirar a habilitação poderia ficar até 80% mais barato e rápido com esse novo modelo. 

As autoescolas de Suzano comentaram a possível decisão. O diretor-geral da Autoescola Técnica, Alexandre Alcântara, acredita que a medida não é positiva. “Se aqui fosse como nos Estados Unidos, onde as escolas já oferecem educação básica de trânsito, tudo bem. Mas estamos falando do Brasil. Os impactos negativos são maiores que os positivos e, sem essa obrigação, os serviços das autoescolas devem encarecer, as pessoas não vão aprender corretamente e isso pode levar ao descumprimento da principal norma do Código de Trânsito Brasileiro: preservar a vida”, avaliou.

Para o diretor de ensino dessa mesma autoescola, Sandro Alex, a proposta não é a melhor saída. “Tirar a CNH é custoso porque envolve o instrutor, o espaço, as aulas, o carro etc. Tudo incluído para que a pessoa aprenda. Querem cortar os custos, mas e os custos de acidentes e mortes causados por pessoas sem a instrução adequada?”, questionou.

A diretora de ensino e geral, Karla Priscilla Suguiyama Expedito, da Autoescola Ideal, também expressou suas preocupações sobre o assunto. “Não é tão simples quanto parece, nosso trânsito já é um caos, imagina sem ter a população obrigada a fazer aulas para aprender a dirigir”, apontou. Ela ainda destacou que “para uma autoescola ficar aberta são necessários vários impostos altíssimos”, explicou.

O motorista de aplicativo Paulo Henrique Capristano também vê riscos na proposta. “Teoria e prática são completamente diferentes. Não dá para estudar como poderia ser e sair dirigindo sem ter noção da realidade do trânsito”, disse. Ele também destacou a importância da experiência: “Hoje em dia, as pessoas querem tudo de mão beijada, mas conquistar o aprendizado é uma vivência única. Nunca vou esquecer a sensação de acertar uma baliza de primeira”.

O DS também procurou o capitão André Belarmino, da Polícia Rodoviária, para entender que impactos essa medida pode causar no trânsito. “Entendo que a intenção do Governo pode ser facilitar o acesso da população à habilitação, especialmente para pessoas de baixa renda ou que vivem em regiões mais remotas. No entanto, é imprescindível que essa discussão seja guiada por critérios técnicos, com base em dados de acidentes, estatísticas de formação de condutores e a necessidade de preparar motoristas não apenas para passar na prova, mas para assumir com consciência e segurança a direção de um veículo”, explicou.

Belarmino citou algumas consequências preocupantes que podem acontecer, caso a proposta seja aprovada: condutores podem estar menos preparados tecnicamente e psicologicamente para enfrentar o trânsito, especialmente em centros urbanos e rodovias de grande movimento; aumento de acidentes causados por imperícia ou desconhecimento das normas básicas de segurança, entre outros.

Por outro lado, ele acredita que caso a medida seja acompanhada de alternativas eficazes de formação teórica e prática, talvez possa atender a um perfil de condutor que hoje está excluído. “Se forem implementadas com responsabilidade, com alternativas reais de formação gratuita, orientações práticas públicas e provas acessíveis, essas medidas podem sim ampliar o acesso à CNH, mas é preciso lembrar que democratizar o acesso não pode significar reduzir a qualidade da formação”, destacou. “Não adianta apenas baratear o processo se isso resultar em uma formação superficial, que não prepara adequadamente o cidadão para conduzir com segurança”, concluiu o capitão.

 

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