Mogi das Cruzes se despede da artista, educadora e produtora cultural, Fernanda Moretti, cuja trajetória deixou marcas profundas nas artes cênicas e na formação cultural da cidade e do Alto Tietê. Internada em um hospital na capital paulista, Fernanda faleceu nesta segunda-feira (29) por volta das 6h da manhã, após uma luta contra o câncer.
Mesmo em tratamento oncológico iniciado em junho do ano passado, seguiu acompanhando de perto os projetos e processos criativos que ajudou a construir. Ao longo de mais de 30 anos de atuação, consolidou uma carreira marcada pela sensibilidade artística, pelo compromisso com a formação humana e pela crença na arte como instrumento de transformação.
Reconhecida como uma das principais referências da dança contemporânea e das artes do corpo em Mogi das Cruzes, Fernanda desenvolveu um trabalho autoral consistente, voltado à criação artística, à educação e ao fortalecimento do acesso à cultura. À frente da produtora Arte do Movimento, idealizou espetáculos, projetos formativos, ações comunitárias e espaços de experimentação que atravessaram gerações de alunos, artistas e coletivos culturais.
Em 2024, sua trajetória foi reconhecida oficialmente com a seleção da produtora Arte do Movimento como Ponto de Cultura, por meio de edital estadual. O reconhecimento validou uma atuação construída em rede, com foco na diversidade cultural, na inclusão e na formação artística contínua, consolidando o papel da produtora como referência regional.
Nos últimos anos, Fernanda vivia uma fase marcada pela ampliação das parcerias criativas. Desde 2024, a direção artística da Escola de Dança passou a ser compartilhada com o coreógrafo Cleiton Costa, com quem dividiu processos criativos, espetáculos e musicais de linguagem contemporânea, mantendo viva a identidade artística construída ao longo de décadas.
Entre seus trabalhos mais recentes estão a videodança Pulsar, desenvolvida em parceria com o filmmaker Fábio Nomura, e a exposição Grafias da Dança, do fotógrafo Renatto Nomura, que retrata bailarinos em movimento pelas ruas de Mogi das Cruzes. A mostra chegou à sua terceira edição, ampliando o diálogo entre corpo, cidade e memória.
Outro projeto emblemático de sua trajetória foi a Mostra do Corpo Contemporâneo, que levou performances, oficinas e palestras para diferentes regiões do município, como o Centro e o distrito de Braz Cubas. Em 2021, durante a pandemia, a Mostra ganhou versão digital, reunindo videodanças de artistas de todo o Brasil e projetando Mogi das Cruzes como território de inovação cultural.
A história da Arte do Movimento também é marcada por montagens autorais e pela participação ativa dos alunos nos processos criativos, dando continuidade a um repertório reconhecido como um dos mais relevantes da região.
Fernanda Moretti deixa um legado que permanece vivo nos corpos que formou, nos palcos que ocupou, nos projetos que idealizou e nas histórias que ajudou a transformar por meio da arte.
As informações sobre velório e sepultamento serão divulgadas posteriormente, assim que definidas pela família.


- (Foto: Divulgação )




