Relatório de 2018 mostra que as pichações na área central de Suzano eclodiram demasiadamente, em comparação à pesquisa anterior. De janeiro a novembro de 2017, foram mapeadas 393 ocorrências. Agora, as pichações no quadrilátero central subiram para 2.298, um aumento de 484,73%. Este é o 8º relatório, realizado anualmente pelo Projeto Antipichação, e foi obtido com exclusividade pelo DS.
O documento indica que, em 2018, as pichações cresceram de modo abundante a partir de abril. No referido mês, foram 326 novas pichações. A partir daí, os meses seguintes tiveram números expressivos: maio (322); junho (313); julho (289); agosto (288); setembro (291); outubro (203); e até a primeira quinzena de novembro foram 157. Os números de dezembro de 2017 também estão inclusos neste novo levantamento.
Para se ter ideia, a cidade não registrava mais do que 56 novas pichações. E esse número vinha sendo observado desde janeiro do ano passado ao mês de março de 2018.
Outro aumento analisado foi o de grafites não autorizados. De janeiro a novembro deste ano, o município registrou 172. A maior parte é feita em imóveis comerciais vagos e muros de terrenos baldios. Segundo a pesquisa, o termo 'grafite não autorizado' é utilizado para justificar pichadores, que utilizam menos tinta e em forma de desenhos e não as famosas "Tags" - marcas ou nomes que os identificam.
REGIÕES MAIS ATACADAS
Relatório sobre pichadores mostra outro detalhe específico: a região aonde eles 'atacam'. Estudo descobriu que as regiões mais afetadas pelas pichações ficam no quadrilátero central. Entre as principais vias estão: Rua Dr. Prudente de Moraes (SP-66); Avenida Brasil; Avenida Antônio Marques Figueira; Rua Regina Cabalau Mendonça; Rua Baruel; e Avenida Armando de Salles Oliveira.
Desde agosto do ano passado, a cidade conta com uma lei específica para multar pichadores. Segundo a Prefeitura, a cidade conta rondas específicas para combater a prática, inclusive havendo uma viatura exclusiva destinada à realização deste trabalho.
Além disso, com a criação da Ronda Ostensiva Municipal (Romu), os agentes "vem trabalhando com patrulhamentos diurnos e noturnos, principalmente em áreas que já foram denunciadas pela população", diz a nota.
O texto destaca ainda que recentemente cinco jovens em flagrante, com idades entre 16 e 21 anos. Os jovens são suspeitos de picharem a escadaria do acesso ao Paço Municipal Firmino José da Costa, no centro.
A pasta de segurança também enfatiza que, após o término das ocorrências nas delegacias, agentes dão continuidade ao caso, respaldada pela lei municipal nº 5.092, de 13 de setembro de 2017, a qual estabelece multa ao autor da pichação. "A GCM envia os documentos ao Departamento de Fiscalização de Posturas para que sejam realizados os procedimentos administrativos".
A Prefeitura também pede que todo cidadão que presenciar atos de vandalismo ou depredação entre em contato com a GCM, por meio dos telefones 153 e (11) 4745-2150.
Projeto Antipichação
O Projeto Antipichação funciona desde fevereiro de 1996. O pesquisador, que é ex-detetive, realiza o trabalho anonimamente. Além disso, o estudo feito é de modo independente ao da atual profissão.
As 'gangues' de pichadores têm aumento ano a ano. Para se ter ideia, em 2015, a cidade registrou a atuação de 34 grupos. Agora, três anos depois, o número subiu para 230. O município também listou 200 pichadores independentes - àqueles que não têm nenhum vínculo aos grupos. O crescimento de 'gangues', o perfil e os possíveis locais aonde haverá novos ataques de pichadores estão inclusos no relatório 'Antipichação' de 2018.
Anualmente, a pesquisa mapeia a cidade, principalmente o quadrilátero central, em busca de novas pichações. O novo relatório apontou para um crescimento de 484,73% de 'Tags' - assinatura de um pichador ou grupo. Segundo o relatório, a maior parte dos ataques é cometida por pessoas maiores de 18 anos.
"Hoje são 90% homens maiores de idade, e apenas 3% do sexo feminino", aborda o documento, que complementa dizendo que esse aumento é resultado da punição dos infratores, a inatividade de câmeras de monitoramento, além da falta de fiscalização mais repressiva.
O relatório também diz que "é necessário aumentar as ações contra grupos de pichadores, a Lei Municipal (a qual multa infratores) seja aplicada e os locais danificados sejam restaurados pelos próprios pichadores". E lista oito ponto necessários para reprimir essa prática na cidade: criação de força tarefa; reativação do sistema de monitoramento; criação de um canal direto entre a Guarda Municipal e a população; capacitação de agentes públicos; contribuição por meio de denúncias; campanha alertando a existência da lei e as punições; divulgação das ações; e palestras em escolas públicas sobre o tema.
NOVOS ATAQUES
Estudo prevê que mais de 150 estabelecimentos comerciais sejam pichados em 2019. Além disso, o pesquisador descobriu, por meio de serviço investigativo, que 63 locais poderão ser em praças, pontos de ônibus, escolas, placas de sinalização, caçambas de entulho, prédios públicos, edifícios, obras em construção e muros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Para tais atos, os grupos deverão utilizar carros, motos e, até mesmo, bicicletas. O relatório acredita que "com o retorno das câmeras de monitoramento da Prefeitura, as placas dos veículos poderão ser flagradas e, assim, os infratores sejam identificados".




Pichações estão espalhadas por toda a cidade - (Foto: Sabrina Silva/Divulgação)




