Inaugurado há 17 anos no Jardim Lazzareschi, em Suzano, o Memorial do Alto Tietê atende às famílias nos momentos de perda. Na região, o cemitério vertical é pioneiro no serviço de sepultamento diferenciado, isso porque não há túmulos ou jazidos. O ambiente harmonioso abriga os corpos em gavetas, conhecidas como lóculos. A estrutura moderna representa uma opção ecológica, mais agradável e atrai associados de todas as cidades do Alto Tietê.
A fachada do Memorial é constituída por um portal com espelho d'água, além de um vasto jardim que se estende pela construção adentro. A aparência imponente, em nada lembra a sensação tétrica projetada nos cemitérios convencionais, marcados pelos túmulos azulejados sobre a terra e os aromas de flores e velas característicos do lugar.
Logo à entrada, o corredor é arejado pela brisa que soa nas copas das árvores e as paredes reluzem à luz exterior. O clima é de paz e tranquilidade nas três amplas salas para velório, onde sofás em meia-lua estão alocados, junto a mesinhas de centro, dispostos como em salas de estar. É neste espaço que o presidente da associação, Milton Coelho, transita diariamente. O dirigente está à frente do cemitério desde o início do projeto e acredita que esta é a missão na terra.
O Memorial foi concebido depois de pesquisas fora do país, onde o sepultamento vertical já era costumeiro, principalmente nos países asiáticos. "O Japão não tem espaço para enterrar, então os sepultamentos já eram realizados em prédios verticais", disse o presidente enquanto caminhava no parapeito do andar superior.
Atualmente, o Memorial conta com cerca de 800 lóculos ocupados, além de 400 urnas destinadas apenas ao depósito de ossadas. A expectativa é de que três mil novos ossuários sejam construídos, conforme o crescimento da demanda. Os corpos sepultados nos lóculos levam, em média, quatro anos para se decompor. Após o período de decomposição, o espaço está apto a receber um novo sepultamento. Contudo, o cemitério também trabalha com sistema de aluguel, caso mais de um ente querido venha a falecer em menos de quatro anos.
Diferentemente dos planos convencionais, não há vínculo familiar para os associados, o que dá liberdade ao sepultamento de amigos e terceiros no espaço adquirido, além do translado de ossadas antigas. Cada lóculo tem capacidade para armazenar ao menos nove ossadas. Os convênios têm validade perpétua ou temporário. O chamado átrio nobre, no centro do prédio, é a área mais valorizada, sobretudo, os lóculos instalados no terceiro nível da parede.
A edificação vertical minimiza os impactos da decomposição na natureza, isso porque inibe a presença do necro-chorume. O gás metano, gerado durante o processo, é expelido através de tubos acoplados aos lóculos.









