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Jornal Diário de Suzano - 05/05/2024
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Coluna

Dom Mauro Morelli, presente!

12 outubro 2023 - 05h00

Dom Mauro Morelli nasceu em Avanhandava (SP) em 17 de setembro de 1935, estudou em Penápolis (SP), seguiu para o Seminário Seráfico São Fidélis, em Piracicaba (SP). Não sabia ao certo se queria ser médico ou padre. Estudou filosofia no Seminário Maior de Nossa Senhora da Conceição, em Viamão (RS) e teologia no Saint Mary´s Seminary and University, em Baltimore (USA). Foi ordenado diácono em 1964, padre em 1965, nomeado bispo auxiliar pelo Papa Paulo VI em 1974 e sagrado bispo por Dom Paulo Evaristo Arns em 1975. Em 1981, foi nomeado o primeiro bispo da Diocese de Duque de Caxias (RJ) pelo Papa João Paulo II. Permanece na Baixada Fluminense até 2005. Morreu em Belo Horizonte nesta semana, em 09 de outubro de 2023.
Sua vida foi marcada pela luta pelos Direitos Humanos e pela batalha da alimentação, ambas absolutamente entrelaçadas. Outra marca de Dom Mauro foi o diálogo interreligioso. Em termos de sua luta pelos Direitos Humanos, destaca-se, além de sua atuação pastoral diária e cotidiana na Baixada Fluminense, sua participação na Junta Jurídica do Serviço Paz e Justiça na América Latina com o Pastor Presbiteriano Jaime Wright e Dom Waldyr Calheiros.
Em sua batalha pela alimentação e sua luta contra a fome, destacam-se o período em que presidiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) durante o governo de Itamar Franco (1993-1994), sua atuação nos CONSEA de Minas Gerais e São Paulo; sua atuação como membro do Comitê Permanente de Nutrição da Organização das Nações Unidas (ONU); e seu envolvimento na Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida com o sociólogo Herbert de Souza (Betinho).
Em 2004, pouco antes de renunciar o cargo de Bispo em Duque de Caxias (RJ), funda o Instituto Harpia Harpyia - Agência de Defesa e Promoção do Direito à Alimentação - em Indaiatuba (SP).
Residia em São Roque de Minas (MG), onde planejou construir um centro interreligioso para a promoção do meio ambiente e da agricultura familiar.
Lembro-me de Dom Mauro Morelli em Brusque (SC), quando o conheci com o meu pai, além da leitura de suas entrevistas e de outros poucos contatos dele também com o meu pai, então vereador (1993-1996). Nessa ocasião dos anos 90, meu pai estava empenhado na produção de teses, ideias, projetos de lei, requerimentos e indicações relacionadas com o "desenvolvimento local, o combate ao desperdício, às ações comunitárias, a à promoção da alimentação saudável e barata", muito alinhado ao ideário de Franco Montoro e também de Mauro Morelli. Em 1995, na esteira da luta de Dom Mauro Morelli e do sociólogo Herbert de Souza contra a fome, a miséria e pela vida, meu pai apresentou uma Emenda à Lei Orgânica do Município de Suzano criando o Conselho Municipal de Alimentação Escolar em absoluta consonância com a Lei 8.913/94 que defendia a municipalização da alimentação escolar e fora produzida no âmbito do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional presidido por dom Mauro Morelli.
Finalmente, lembro-me de Dom Mauro por meio da leitura de uma entrevista de página inteira de jornal quando meu pai estava internado, já no final de sua vida. Nessa entrevista, Dom Mauro, com 80 anos, recolhia-se no interior de Minas Gerais, mas continuava ativo. Meu pai memorizou a entrevista, repetia trechos esperançosos, e fazia das esperanças de Dom Mauro as suas esperanças também.
Na semana da Páscoa de Dom Mauro Morelli, falo de sua morte para lembrar de sua vida e ao lembrar de sua vida, faço-o presente! Dom Mauro Morelli, presente!