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Jornal Diário de Suzano - 05/05/2024
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Coluna

Educação e Desigualdade

24 agosto 2023 - 05h00

O desafio de todo e qualquer professor é compartilhar conhecimento, construir um ambiente agradável para a troca de saberes, ensinar os conteúdos estabelecidos e contribuir para a formação de cidadãos portadores de direitos. Esse desafio é maior quando o ambiente é de extrema desigualdade e parcela dos alunos é socialmente vulnerável.
É fácil encontrar professores apaixonados pela docência; também não é difícil encontrar muitos desses mesmos professores frustrados diante das insuficientes condições de trabalho, da baixa remuneração, do prestígio e reconhecimento sociais decadentes, dos planos de carreira desestruturados, da ausência de formação permanente capaz de articular a prática da docência com a tradição pedagógica.
Pesquisa realizada em meados da primeira década do século XXI em Suzano junto aos pais e responsáveis por alunos das Escolas Municipais de Ensino Fundamental indicava que suas prioridades eram alimentação, transporte, uniforme e material escolares. Professores, livros, ambiente escolar, tempo de estudo, conteúdo pedagógico não figuravam entre suas prioridades.
Por um lado, portanto, professores apaixonados e muitas vezes "paralisados"; por outro lado, famílias reconhecendo a escola como espaço de acolhida para seus filhos mas não propriamente lugar de ensino e aprendizagem.
Essas diferenças de expectativas entre professores e pais de alunos se acentuam quando se observa o piso salarial nacional da educação básica em R$3.840,00 por mês por 40 horas de trabalho semanais (PNAD, 2022) e a homologação em janeiro de 2023 de reajuste de 15%. Esse valor é o menor quando comparado com os países da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) e, portanto, nada incentivador para os professores. 
Apesar disso, esse mesmo valor é superior à remuneração de 92% dos pais de estudantes do Ensino Fundamental das redes públicas.
As desigualdades de expectativas e de salários não devem ser motivo para distanciar pais de alunos e professores, mas oportunidade para mostrar que ambos, apesar de desiguais estão muito próximos quando comparados com o topo da pirâmide de renda e riqueza do país, dado que a renda média mensal per capita do 1% mais rico do Brasil é de R$18 mil.
Assim, pais de alunos, professores e gestores públicos, ao reconhecer que a educação é direito de todos, e que a escola não está descolada da vida cotidiana, precisam se unir para, por um lado, garantir condições adequadas da docência; e por outro, construir unidade de luta para reduzir as vulnerabilidades sociais e aumentar tanto piso salarial nacional da educação básica quanto o salário mínimo e médio do trabalhador em geral.