Em todas as comunidades católicas são realizados durante a Quaresma encontros, debates, palestras, conferências, celebrações dedicadas ao tema “Fraternidade e Fome” e o Lema” Dai-lhes vós mesmos de comer” ( Mt.14,16).
É a terceira vez que a emergência sobre o enfrentamento da fome é escolhida pela CNBB (Conselho Nacional dos Bispos do Brasil) como tema. O objetivo é fomentar ações, em todos os níveis, para minimizar os impactos desta realidade na vida do povo brasileiro.
Isso quer dizer que nós não estamos conseguindo oferecer ao ser humano uma vida digna e respeito pelas suas necessidades básicas, com os recursos que a mãe-terra de maneira abundante produz. No entanto há tanta gente que não tem o que comer.
Sim, é por amor ao ser humano que a Igreja dirige a todos os brasileiros o apelo humanitário para a eliminação da fome. Mais dramático do que descuidar do crescimento da mercadoria nas prateleiras dos supermercados ou hipermercados é descuidar da saúde e da vida humana.
O futuro de milhões de seres humanos é obscuro e sombrio, aguardando a tomada de consciência dos que possuem milhões de hectares de terra, antes de ver milhões de irmãos agonizarem, desfalcados dos bens necessários.
Existe, com certeza, no planeta, o grito e o lamento, os suspiros e gemidos parecidos às dores de parto, dos que passam fome, sonhando com um mundo que tenha condições de oferecer a todos uma vida saudável e digna.
Enquanto cresce a demanda da humanidade por novos recursos e pelas pessoas serem atendidas em suas necessidades nutricionais para o seu bem-estar físico e psicológico, vemos que a escassez de alimentos na mesa, não somente de milhões de brasileiros, mas de tantas outros esfacelados, preanuncia uma grande ameaça para o futuro da mesma humanidade. Mas, não obstante tanta desigualdade entre os que possuem tudo e os que não têm nada, ainda a humanidade pode ter novo alento e encontrar novos recursos, nova vida, se houver a redução da fome e se houver a implementação da economia familiar sustentável, entre as medidas mais necessárias.
As grandes potências do mundo discutem, berram para o bem apenas de si mesmas e não para manter e promover o equilíbrio e a justiça social.
A Terra está cheia de atos abomináveis contra a natureza e contra a vida humana. Os rios estão carregados de detritos e resíduos com quantidade de substâncias tóxicas suficientes para envenenar a vida dos animais que vivem na água e causar estragos na vida das pessoas.
Há por toda parte o dedo do homem que com violência sem igual deforma o cenário maravilhoso da criação divina.
Temos que cuidar com urgente carinho e com adequadas políticas públicas, da cidadania a que tem direito todos ser humano, para que as futuras gerações possam viver num ambiente decente e numa sociedade que garanta pão, ar, água e saúde.
Os avanços das políticas nesta área são lentos e bem longe de chegar a uma solução adequada. Não sabemos exercer ainda a cidadania, evitando o desperdiço da água, dos alimentos, enquanto uma grande parcela da população mundial ainda não tem acesso ao mínimo necessário para a sua sobrevivência, a outra parte esbanja comida, bens de consumo e joga no lixo aquilo que seria necessário para a sobrevivência de muitos.