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Jornal Diário de Suzano - 27/04/2024
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Coluna

Vale tudo no Carnaval?

09 fevereiro 2024 - 05h00

Durante o verão escaldante acontece o carnaval! Nenhum País inventou para si uma tradição tão esperada e gloriosa como o carnaval do Brasil. Alguns ficam intrigados diante de tanto desperdiço de recursos, de dinheiro, de tempo e diante de um evento que imobiliza o País. Outros acham o espetáculo do sambódromo, das avenidas e das praças delirante, arrebatador, estrondoso.
Depois das férias, outras reservas serão gastas pelos cidadãos, durante a semana de carnaval.
Parece que este evento foi fabricado pelos homens do poder, da economia, das multinacionais. É bem provável que seja assim. De fato, são eles que acionam o botão para o povo entrar no circo e se divertir. O povo que vive de esperança, deixa de lado no carnaval a esperança original e resolve dar uma parada aos seus anseios, para dançar, se contorcer, gritar, cantar a noite inteira até a alvorada. Noites que servem para descarregar as ânsias que o povo carrega no peito. Este povo é assim: sonha, luta, suspira, vive de encantos, de desencantos e de esperanças reprimidas.
É conveniente ver o povo baixar o seu olhar sobre os fatos políticos e esquecer as desgraças causadas pelos homens da ganância e do poder.
O carnaval do Brasil seria um ótimo indicador de Pais de primeiro mundo, se o povo não vivesse engolido na fome e na miséria.
As Escolas de samba estão aí vibrando já para sair e para dar espetáculo.
É esperar mais um pouco para ver; ver que nada vai mudar, que nenhuma reviravolta vai acontecer, que a mesa do pobre vai continuar vazia ou se esvaziando cada vez mais. De onde o povo atinge esta reserva bendita para resistir a tão triste realidade da vida, suportando dias pesados, carregados de cansaço e agonia? Os tecnocratas, porém, calculam tudo e para não deixar o povo morrer esmagado no mundo subterrâneo e no túnel da morte, o tiram dos porões da angustia por alguns dias e o jogam de novo quando termina a festa.
É um processo vicioso, carregado de tensões, de contradições, de frustações.
A festa do carnaval não deveria imobilizar o País. Já ouvi dizer; " começa-se a trabalhar depois do carnaval". Não só contra o carnaval, porém, se o Brasil é um País treinado para manter uma estrutura tão complexa e única no mundo, porque não adquire também a capacidade de montar uma estrutura para tanta gente perdida que está por aí, sem espaço nem moradia, sem trabalho, explorada, usada. Catadores de lixo, mendigos, desempregados, meninos (as) de rua, migrantes sem teto, que são alguns dos "sobrantes" que muitas cidades exibem, dando-lhes "pão e circo" sem conseguir integrá-los?
Tudo espanta. Tudo surpreende. Sobretudo o fato de que o povo aguenta a barra a cada dia e faz brilhar também o sol da alegria.