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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

A cidade sem Carnaval, mas com melhorias urbanas

02 fevereiro 2018 - 05h00
Durante o verão escaldante acontece o carnaval. Nenhum país inventou para si mesmo, uma tradição assim tão esperada e gloriosa como o carnaval do Brasil. Alguns ficam intrigados diante de tanto desperdício de recursos, de dinheiro, de tempo e diante de um evento que imobiliza o país, a saúde, a educação e o crescimento urbano. Outros acham o espetáculo do sambódromo, das avenidas e das praças, delirantes, arrebentadores, estrondosos.
Depois das férias, outras reservas serão gastas pelas famílias durante a semana de carnaval.
Parece que este evento foi fabricado pelos homens do poder, da economia, das multinacionais, para manter o povo alienado dos problemas que afetam as políticas públicas. É bem provável que seja assim. De fato são os que estão no poder que acionam o botão para o povo entrar no circo e se divertir. O povo que vive de esperança, deixa de lado a esperança de um futuro melhor e resolve dar uma parada nos seus anseios, para dançar, se contorcer, gritar, cantar a noite inteira até a alvorada. Tristes noites que servem apenas para descarregar as ânsias que o povo carrega no peito. Este povo é assim: sonha, luta, suspira, vive de encantos, de desencantos e de esperanças reprimidas. É conveniente ver o povo baixar o seu olhar sobre os fatos políticos e esquecer as desgraças que afetam a cidade. Em Suzano, parece que a administração pensa diferente. Deixou de investir no Carnaval, da cidade, para investir nas políticas públicas.
O carnaval do Brasil seria um ótimo indicador de país de primeiro mundo, se o povo tivesse administradores que pensassem primeiro na saúde, na educação, na segurança e depois nas obras e nos eventos faraônicos. 
As Escolas de samba já estão aí vibrando, para sair e para dar espetáculo.
É esperar mais um pouco para ver que nada vai mudar, que nenhuma reviravolta vai acontecer, que a mesa do pobre vai continuar vazia ou se esvaziando cada vez mais. De onde o povo atinge esta reserva bendita, para resistir a tão triste realidade da vida, suportando dias pesados, carregados de sofrimento e de instabilidade econômica? Os tecnocratas, porém, calculam tudo e para não deixar o povo sofrer múltiplas decepções, o tiram dos porões da angústia por alguns dias e o jogam de novo quando termina a festa.
É um processo vicioso, carregado de tensões, de contradições, de frustrações.
A festa do carnaval não deveria imobilizar o país e as prefeituras. Já ouvi dizer; "o brasileiro inicia a trabalhar depois do carnaval". Não sou contra o carnaval. Porém, se o Brasil é um país treinado para manter uma estrutura tão complexa e única no mundo, porque não adquire também a capacidade de oferecer uma melhor qualidade de vida para tanta gente perdida que está por aí, sem espaço, nem moradia, sem trabalho, explorada, usada. Catadores de lixo, mendigos, desempregados, meninos(as) de rua, migrantes sem teto, que são alguns dos "sobrantes" que muitas cidades exibem, sem conseguir integrá-los?
Tudo espanta, tudo surpreende, sobretudo o fato de que o povo aguenta a barra de cada dia na esperança de dias melhores.