sexta 26 de abril de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

Baruel: Memória viva da história de Suzano

29 setembro 2017 - 06h00
Visitar o Baruel, ou melhor ainda, visitar a Igrejinha dedicada a Nossa Senhora da Piedade, construída no centro da pracinha do vilarejo em torno de 1700, reconstruída em 1916 e reaberta com telhado novo em 2017, ocasião do Centenário da reconstrução, significa viajar no tempo e sintonizar-se a um passado rico de história de índios e de imigrantes. Ambiciosa é a referência turística, na qual o atual Prefeito Rodrigo Ashiuchi, quer transformar o local. Serão várias atrações, parquinho, espaço com brinquedos para crianças e outros serviços para os visitantes, tornando o Baruel memória viva da história de Suzano.
Quem esteve no dia 24 de setembro no vilarejo, se deparou com a tradicional festa do Baruel realizada todo último domingo de setembro. A Igrejinha era a menina dos olhos da festa. Brilhava com um vulto novo por dentro e por fora. Parei um tempinho dentro da Igreja, para contemplar o antigo Altar que até o ano de 1950 pertencia à Paróquia de São Sebastião.
Houve uma boa participação de visitantes. A programação teve todo o apoio da Prefeitura e dos membros da família Bianchi.
A festa faz parte do calendário municipal e se soma aos eventos tradicionais já organizados durante o ano na cidade. A festa do Baruel é a mais tradicional, pois remonta ao ano de 1700, quando os moradores iniciaram a organizar festejos em louvor à Nossa Senhora da Piedade, que após a morte de Cristo, antes do sepultamento, acolheu em seus braços o seu Filho Jesus descido da cruz.
A festa do Baruel traz temáticas de cunho religioso, cultural, artístico, folclórico, ecológico e culinário. Composição viva de um universo histórico de grande porte, significado e utilidade.
A cidade de Suzano deveria conservar no Baruel, a memória de suas origens, dos antigos índios, primeiros habitantes daquele território, do enfrentamento sangrento dos nativos contra os colonos que queriam se instalar em suas terras a procura de ouro e pedras preciosas. Deveria para isso erguer um grande monumento que lembrasse a resistência dos índios, a presença dos padres jesuítas, contrários à escravização.
Deveria construir um Memorial, para manter viva, através de símbolos, objetos, figuras, roupas, armas e artesanatos, a memória e a identidade social daqueles que foram os primeiros a povoarem o território: índios, portugueses e italianos.
Há também restos humanos sepultados no cemitério do Baruel, que ainda permanecem num pequeno pedaço de terra. O cemitério teria sido destruído pelas maquinas arrasadoras, se não tivesse havido a intervenção de Dona Madalena Bianchi, esposa do falecido vereador Djalma, que embargou a tentativa de invasão. Ela fez isso pelo fato de que naquele cemitério está sepultada a sua bisavó, a mãe da índia Ernestina casada com o italiano imigrante Roberto Bianchi. 
A família Bianchi, que não é proprietária da Igrejinha, nem de outro pedaço de terra em torno da Capela, sempre zelou para manter viva a tradição religiosa. A Paróquia do Bom Pastor, tinha uma comunidade nos anos 80 e 90, no tempo de Pe. Bernardo e Pe. Deoclécio. Eles celebravam uma vez por mês a Santa Missa, auxiliados por dona Piedade, uma moradora do Baruel, que era coordenadora e catequista. No Baruel, os índios poderão continuar celebrando o clamor, o canto de guerra, as danças sagradas de seu povo e de sua história, dolorida, real e destemida.