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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

Bossas Novas

20 julho 2018 - 23h59
Sempre fui encantado por música. Sei que a palavra "bossa" apareceu nos anos de 1930, no samba "Coisas Nossas", de Noel Rosa: "O samba, a prontidão/ e outras bossas,/ são nossas coisas". 
A expressão "bossa nova" vem nos anos de 1940 em sambas de breque, com paradas súbitas na música.
No início dos anos de 1950 os cantores Dick Farney e Lúcio Alves, alcançam sucesso, no jeito suave, cantando samba-canção, influências no início da Bossa Nova.
A partir de 1957, jovens de faculdades se reuniam para fazer e ouvir música em apartamentos de Copacabana, como o da família de Nara Leão. Billy Blanco, Carlos Lyra, Roberto Menescalestavam lá. Aí aparecem João Gilberto, Luiz Carlos Vinhas, Ronaldo Bôscoli. 
Depois, se espalham para os bares. Todos influenciados pelo Jazz americano. 
Para alguns o início da Bossa Nova se dá em julho/agosto de 1958, quando lançado, o compacto simples de João Gilberto, com a canção "Chega de Saudade" (Jobim/Vinicius). Antes, em maio, João participara do álbum "Canção do Amor Demais", com canções da iniciante dupla Jobim/Vinicius, cantado por Elizeth Cardoso. 
O som que me vem de João Gilberto é puro, afiado, afinado, preciso. 
Assisti a um show dele em que para de tocar, olha para cima e manda desligar o ar condicionado. Não podia ter a garganta ameaçada. Ninguém achou que fosse um exagero. 
Todos aplaudiram. Gosto dele desde 1958, quando ouvi pela primeira vez tocando "Chega de Saudade". 
Estava no Ginásio, algo equivalente ao Ciclo II do Ensino Fundamental. Era um tanto diferente do que se ouvia na Rádio Nacional. 
Ainda não sabia da tal de Alta Fidelidade, que viria mais tarde, que conheci ouvindo jazz. 
Aí, Mundo, se eu me chamasse Raimundo... O som que ele tirava do violão tocava lá dentro da gente, como uma percussão tirada num eco de contrabaixo. Depois fui sabendo de outras coisas, o tal de "Desafinado" e por aí foi. 
Ainda me emociono ao ouvi-lo. 
Se ele tem sucessor? Ouçam a Rosa Passos. Artista é aquele que domina a técnica e traduz o mais sensível. Razão e emoção que nos envolvem, com simplicidade, Arte. 
Sem tempo, só agora.
Como disse o maestro Júlio Medaglia, na Bossa Nova "desenvolvem a prática do canto-falado ou do cantar baixinho, do texto bem pronunciado, do tom coloquial da narrativa musical, do acompanhamento e canto integrando-se mutuamente, em lugar da valorização da 'grande voz".