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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

Coisas que Gosto...

23 novembro 2018 - 22h59
Um amigo me desafiou a escrever uma crônica sobre coisas de que gosto. Disse-lhe que era, normalmente isso que fazia em minhas crônicas. Ele insistiu. Queria uma lista das coisas que mais gosto. Fiquei pensativo.
Posso fazer uma lista, talvez grande, disse. Gosto de ouvir Jazz, instrumental e cantado. Gosto de usar chapéu de palha tipo Panamá. Gosto de doce de cidra ralada. Gosto de vinho. De vinho tinto, de vinho rosé, de vinho espumante, escolhendo algumas uvas. Gosto de tênis em especial e de sapato de modo geral com amortecedor no calcanhar. Gosto de escrever. Gosto muito de ler. De ler como de escrever particularmente poesia. Mas também gosto de ler histórias e História. Gosto de assistir um espetáculo teatral. Gosto muito de Opera. Gosto de espetáculos de música. Gosto de saber de filantropia. Gosto de ver bondade, seja para seres humanos ou qualquer outro ser, árvores, animais. Gosto de crianças. Gosto de idosos. Gosto de gente que respeita os demais. Gosto de temperatur as médias, nem muito calor, nem muito frio. Gosto de artes plásticas, de me encantar de olhar e tentar entender e sentir a proposta do autor. Gosto de ciências, especialmente da Matemática e da Medicina, mas também de todas as demais. Gosto muito de comunicação. Gosto de ter esperança. Gosto de viver. Gosto de estar entre gente, entre amigos em especial. Gosto...
Sei lá, gosto de muitas coisas. Será que sou diferente?
O amigo insistia. Dizia que muitos que escrevem fazem críticas, tratam de coisas contra algo ou contra alguém. Como fui do meio acadêmico, já defendi teses, contra e/ou a favor de algo. Ele insistia. Disse já ter lido algo escrito por mim sobre algumas daquelas coisas que eu disse gostar e listei. Foi quando ele me questionou sobre minha vida fora do Brasil. Disse-lhe que gostava de alguns países por onde passei. O que me permitiu pensar bastante melhor sobre o meu País e sobre a minha gente. E me possibilitou mesmo amar mais a minha terra e buscar um caminho melhor para nós.
Enquanto ele me questionava fiquei pensando em quanto as pessoas se questionam a si próprias. Ou, como me parecia, deixam de se questionar.
De fato, meu amigo leitor, do que você gosta? Você só gosta mesmo de alegria e prazer para você mesmo?
Lembrei de um livro, fantástico, que já comentei em minhas aulas, há muito tempo, “Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch”, do escritor russo Alexandre Solzhenitsin, um forte crítico do regime soviético, publicado por 1962. Tem um filme. Ele trata de um cidadão preso num campo de concentração na Sibéria. Um lugar sofrido. Um dia por necessidade de serviço ele deixa de ser mandado para quebrar pedra no gélido espaço e fica para fazer a limpeza da prisão. Resumindo, ele acha uma bituca de cigarro e um outro prisioneiro doente lhe dá uma pedacinho de bolo. Ao se esticar na cama da prisão no final do dia ele conclui, ficou o dia no “quentinho”, comeu o bolo como sobremesa e pode fumar a bituca, “que dia lindo, maravilhoso&rdq uo;.
Nós damos valor ao que dispomos? Do que você gosta?