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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

Educar dá trabalho

26 outubro 2019 - 23h59
Há alguns meses nos tornamos avós. Fiquei um período de tempo cuidando do netinho e pude constatar o quanto a chegada de uma criança traz demandas para os pais. Vinte e quatro anos depois de nosso último filho ter nascido, já me havia esquecido dessa rotina árdua. Pude presenciar a minha filha e genro chegando cansados do trabalho, mas preparando todo o ambiente e práticas de cuidados e rotinas. Sim, a chegada de uma criança nos renova e traz muita alegria para a família. Mas existe também o lado trabalhoso do processo. Em se tratando de crianças, o que vemos nos dias atuais?! Os pais chegam do trabalho, depois de um dia estressante, irritadiços e cansados, com pouca disposição para enfrentar as demandas provenientes da educação dos filhos. Educar, definitivamente, dá trabalho! Quando estamos irritados, podemos errar no tom e na forma de usar as palavras. Existem muitas maneiras de se falar a verdade, de se corrigir os comportamentos inadequados, sem afetar negativamente a autoestima das crianças. Pais e professores que vivem gritando e xingando, pensando que desse modo estão exercendo alguma autoridade sobre as crianças e os adolescentes, estão apenas se enganando. Pergunto ao leitor: Por que um adulto precisa "berrar" com uma criança para se fazer entendido? Será este um procedimento formativo? Quando essa criança, que só ouviu gritos, crescer, certamente, terá aprendido duas coisas: a fazer o que deve ser feito mediante gritos e a gritar para ter o que deseja. Adultos que vivem gritando com crianças estão à beira de um ataque de nervos e precisam ser tratados. Há alguns anos, estávamos em uma loja, quando entraram duas mulheres. Uma delas estava com a filha, uma garotinha de aproximadamente três anos. A menina falou alguma coisa; provavelmente, estaria pedindo algo para a mãe. De repente, essa mãe parou e disse para a filha: "Cala a boca, senão vou te dar um soco na cara". A menina não teve reação. Ficou olhando para a mãe sem compreender direito o que estava acontecendo. E os que ouviram ficaram indignados. 
Não é fácil educar. Todavia, não é gritando, ou xingando, que os problemas vão-se resolver. Se nós, adultos, não tivermos autocontrole, quem vai ter? Os conflitos existem em todos os relacionamentos humanos. Precisamos aprender a lidar com eles, mantendo a linha do respeito. De que adianta dizer para o filho?: "Você não faz nada direito, você é um relaxado, vagabundo..." Essas observações ofensivas atingem profundamente a autoestima dos filhos. Vão criando um forte sentimento de inferioridade e não trazem qualquer mudança positiva de comportamento. O desentendimento saudável, ao contrário, mantém o foco nos pontos que causam conflitos. Por exemplo: "Fico chateada, quando você não arruma o seu quarto. Por que não arruma o seu quarto?"; "Quero ser comunicada sobre suas saídas com antecedência, saber onde e com quem está". O primeiro estilo ataca a dignidade do(a) filho(a), ao passo que o segundo se concentra na fonte de desentendimento. Quando pais e filhos aprendem a fazer essa importante distinção, podem contornar as suas discórdias sem ferir e insultar uns aos outros. As palavras dos pais têm poder sobre a vida de seus filhos. Conheço muitos casos em que os pais só viviam xingando os filhos, dizendo palavras amaldiçoadoras para eles. Hoje, esses filhos são exatamente aquilo que ouviram a vida toda. Eles se apropriaram do discurso. E, por incrível que pareça, não conseguem se levantar. Seu filho está dando trabalho? A sua missão é ajudá-lo a se corrigir. Quando fizer isso, mantenha o foco no comportamento que deve ser corrigido. Seja firme, cumpra o que prometeu, tome as medidas que são necessárias, conservando sempre a linha do respeito e da dignidade. Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear bem todo o corpo". (Tiago 3:2) Educar dá trabalho. Mas todo trabalho será recompensado!