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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

Graças à Vida

17 maio 2019 - 23h59
Agradeço ao Senhor em cada manhã em que desperto e posso me aperceber. Sei, é claro, que poderia nem estar mais por aqui, ser apenas, talvez, uma lembrança para alguns, não muito mais que isso. Valorizo o que tenho e o que recebo. Sei que tenho muito a fazer e quero muito fazê-lo bem. Talvez possa parecer pretensioso. Não é o que tento. Ao contrário. Sei que quanto mais simples, mais longe podemos chegar. 
Verdade, fui guardando tanto pelo caminho que percorri até aqui, que pode parecer longo para alguns. Passar dos setenta anos tem sua quilometragem. E que pode mesmo dar a alguns a sensação de bastante. Nunca pensei em reter muita coisa. No entanto, aprendi muito ao longo de todo esse tempo em que fui vivendo a minha vida. E guardo tanto disso tudo em mim mesmo. 
Muitos acontecimentos me deixaram lembranças, sinais, marcas, cicatrizes, até. É assim o caminho. Muita gente com quem vivi deixou-me sinais, e tantos deles são mesmo de alegria. Sei que felicidade é um momento, não mais que um instante. Mas sei o quanto é bom. 
Houve tempo, sim, em que pensei muito em deixar exemplos bons. Hoje sei que esse pensamento não é fundamental. O importante é fazer coisas boas. Não me ponho como modelo, você, meu caro leitor, é que tem de escolher. Lindo quando algumas de nossas ações indicam direções positivas a outros. E é só o que podemos. Não se pode garantir mais do que isso. 
Sei de coisas que me foram ficando. Coisas proporcionadas por outros. Coisas proporcionadas por convivência, por experiência, por referência. Coisas dessas que vivemos ou que lemos, coisas que ouvimos ou que aprendemos de tantos jeitos, quando nos permitimos ficar disponíveis.
Por vezes sinto um tanto de vontade de fazer muitas coisas ainda, sei disso. Portanto, não posso parar. Creio que não conseguiria parar. Seria difícil. E tantas dessas coisas a fazer sei que posso fazê-las, ou posso indicar como realizá-las. E talvez, feitas, possam chegar a serem interessantes para muitos outros. E coisas dessas poderão ser Ciência ou ser Arte. E ambas eu amo como prática. Ambas podem nos indicar caminhos. O que vale para mim pode valer para você, valer para outro.
Não creio que seja tão diverso de outras pessoas por aí pelo mundo em que continuamos. Lembrei de uma frase em entrevista com o Poeta Neruda, que tão mais me aproximou dele: 
“Sou e serei sempre, antes de mais nada, o poeta do amor. Não sou poeta político, mesmo que me tenha tornado um homem político”.
Aí está uma direção. E tantas são as direções a poderem ser tomadas. Ninguém pode nos garantir chegar. Mas temos de seguir. Assim é o caminho. Assim é a Vida.
Venho repetir-lhes os versos da chilena Violeta Parra, “Gracias a la Vida”. Traduzindo, claro:
“Obrigado à Vida”
Obrigado à vida que me deu tanto/Me deu dois olhos que quando os abro/Separo perfeitamente o preto do branco/E no alto o céu de fundo estrelado/E nas multidões aquela que eu amo//
Obrigado à vida que me deu tanto/Me deu o som do abecedário/E com ele as palavras que eu penso e clamo/Mãe amigo irmão/E luz iluminando, a rota da alma de quem estou amando”