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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

As Palavras nos Chegam

28 maio 2022 - 05h00

A semana andando, hora de escrever minha crônica. Um prazer me comunicar com os leitores. Sei lá, brincando com as palavras? Olha aí um tema para desenvolver. Fui já abrindo o computador. Como gosto, coloquei um CD, desta vez da Jane Monheit (“Taking a Chance on Love”), um Jazz americano moderno, leve, que amo também. Comunicação linda essa dela.
E comunicação se faz por vários sinais, gestos, movimentos, ruidos e também pela palavra. Olha lá minha vida de Semioticista, com as várias linguagens, e de Linguista, com o serviço das palavras. E reinventando esses instrumentos como Poeta.
É verdade, tem vezes que a palavra nos chega leve e solta. Tem vezes que ela nem nos chega. Aí você solta aqueles chavões do tipo: “faltam-me palavras para expressar...” e por aí vai. Lembrei da expressão “topoi”. Mais uma figura de linguagem que os estudiosos sabem, um ponto de partida para argumentação. Coisa já lá de Aristóteles. Adiante.
Enfim, venho desta vez conversar com vocês, “meus caros leitores”, como dizia o mui amado Machado de Assis, sobre essa necessidade que adquirimos, como seres humanos, de nos comunicarmos, de nos encontrarmos.
Na realidade, vamos pensar juntos, nos tempos de facebook e assemelhados, o que queremos, bem lá no fundo, é dizermos algo. E esse algo pode ser só a necessidade de falar ou escrever para alguém. Sentir que somos ouvidos, que existe alguém do outro lado da linha.
Com estes tempos complicados que nos consomem a troca ainda mais se faz imprescindível. Caramba, gente, será que queremos mesmo não é acabar com a solidão? Estar sozinho não significa querer a solidão. E a solidão já era a síndrome mais marcante da nossa era, com metrópoles de milhões e milhões de pessoas que passam, com pressa, sem se verem, nervosas, irritadas, ansiosas por algo que tem de fazer, que nem sempre lembram, mas que incomoda ter de fazer e, tantas vezes, não fazer, não conseguir fazer.
Não temos de usar um vocabulário rebuscado entre pessoas. Mas podemos sempre sermos criativos. Talvez seja essa a maior lição a aprender na nossa fala (que pode ser escrita).
Esta semana uma amiga pediu-me uma sugestão. Indiquei ler algum livro do Poeta Manuel de Barros. Aliás, faz vários anos, ganhei no meu aniversário, de presente do meu filho, o livro “Poesia Completa” desse Artista, já falecido. Ele é um daqueles poetas-filósofos, extremamente criativo, gente lá dos campos de Mato Grosso, que brincava muito com as palavras. Como um grande sábio, nos pede que pensemos. Oferece-nos um olhar do mundo, para percebermos coisas que olhamos e não vemos, como nos fazem sentir os bons Poetas. Abri o seu livro aleatoriamente, encontrei uns versos: “Palavras/ Gosto de brincar com elas/ Tenho preguiça de ser sério.”
Vale a pena lê-lo, pensar sobre e aprender, né não?
Será que também não vale a pena dar uma respirada e pensar sobre os nossos sentimentos do mundo? Como olhamos o mundo? Quanto podemos doar? O que dizer aos demais?
Temos tanto a aprender...