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Jornal Diário de Suzano - 01/05/2024
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Coluna

A ‘podridão dos ossos’

26 fevereiro 2023 - 05h00

Parece grotesco, forte demais, mas é assim que a Bíblia chama a inveja, conforme registrado em Provérbios 14:30. Sem dúvida, é um dos grandes inimigos da paz interior, que se vai infiltrando e ganhando espaço na mente e no coração, levando até ao cometimento de atrocidades para se conseguir o que se deseja. É como um ladrão que vai pouco a pouco “roubando” o contentamento, de modo que aquilo que os outros são ou têm parece sempre superior e, por isso, merece ser ambicionado. É um tipo de ansiedade, angústia, insatisfação com o que temos. Muita gente brinca com a expressão “verde de inveja”, como se isso fosse algo bom. Mas não é! A Bíblia fala contra a inveja em muitos textos: “Não tenha inveja dos violentos, nem faça o que eles fazem”. (Provérbios 3:31); “Não tenha inveja dos maus, nem procure ter amizade com eles”. (Provérbios 24:1) De fato, ninguém deveria sentir inveja daqueles que fazem coisas erradas. Mas há pessoas que estão olhando apenas para os resultados imediatos! Mesmo nos melhores ambientes pode existir inveja. O apóstolo Paulo em sua carta aos Gálatas diz: “Que o Espírito de Deus, que nos deu a vida, controle também a nossa vida! Nós não devemos ser orgulhosos, nem provocar ninguém, nem ter inveja uns dos outros”. (Gálatas 5:25-26) E quando a inveja se estende a pessoas muito próximas, pessoas da família?! Esse terrível sentimento tomou conta do coração dos irmãos de José do Egito, em razão do favoritismo do pai. “Habitou Jacó na terra das peregrinações de seu pai, na terra de Canaã. Esta é a história da família de Jacó: Quando José era um jovem de dezessete anos, cuidava das ovelhas e das cabras, junto com os seus irmãos, os filhos de Bila e de Zilpa, que eram mulheres do seu pai. E José contava ao pai as coisas erradas que os seus irmãos faziam. Jacó já era velho quando José nasceu e por isso ele o amava mais do que a todos os seus outros filhos. Jacó mandou fazer para José uma túnica longa, de mangas compridas. Os irmãos viam que o pai amava mais a José do que a eles e por isso tinham ódio dele e eram grosseiros quando falavam com ele”. (Gênesis 37:1-4). A inveja começa com a comparação. “Por que ele tem, e eu não?!” Na família de Jacó já reinava muitos tipos de injustiças. Havia engano, mentiras, intrigas, ira, rebeldia, rivalidade, violência e inveja. A Bíblia não esconde o pecado de ninguém. Como patriarca da família, Jacó permitiu, por omissão e ação, que muitas coisas ruins acontecessem no seio de sua família. Em relação a José, ele demonstrou claramente o seu favoritismo. E isso deixou os irmãos mais velhos cheios de ódio. A inveja e o ódio foram tomando os corações dos irmãos de José, que logo arranjariam um jeito de se livrarem dele. Talvez, imaginassem que dessa forma teriam um pouco mais de amor por parte do pai. Aos pais digo que tomem muito cuidado para não favorecerem o filho considerado mais tranquilo, mais fácil de lidar. Não é fácil tratar com uma criança que fica o tempo todo desafiando a nossa paciência. Jacó tinha filhos complicados; então, favoreceu aquele que trazia alegria ao seu coração. Aliás, é bom lembrar que ele mesmo vinha de uma família que já tinha essa prática! José havia sido criado em um ambiente de ódio, inveja e falsidade. Foi nesse ambiente hostil que os outros filhos de Jacó observaram durante 17 anos o pai favorecer José. A inveja deles transformou-se em ressentimento e ódio. Além disso, José era um sonhador. Teve um sonho que indicava que os irmãos se prostrariam diante dele, o que causou ainda mais revolta: “Você está dizendo que vai ser nosso superior, que nós vamos servir você?” “Você está ficando louco, rapaz!” “E com isso tanto mais o odiavam, por causa dos seus sonhos e de suas palavras”. (Gênesis 37:5-8). 
Assim, José tornou-se vítima de um plano assassino, arquitetado pelos irmãos. Queriam matá-lo. Mas, pela intervenção de Rúben, o irmão mais velho, decidiram jogá-lo em uma cisterna vazia, depois de lhe tirarem a túnica. Não se sentiram culpados, sentaram-se e comeram.
Passando uma caravana de ismaelitas por ali, decidiram vendê-lo por vinte ciclos de prata. Em seguida, pegaram a túnica de José, mataram um bode e a molharam no sangue, levando-a ao pai, que concluiu que um animal selvagem o teria despedaçado. E, por isso, o pai ficou de luto por muitos anos, perdendo a alegria de viver. A inveja é uma doença da alma que precisamos tratar, e um pecado que precisamos abandonar; caso contrário, ela acabará nos consumindo. Em vez de ficarmos felizes com as bênçãos dos outros, podemos ceder à tentação de questionar por que pessoas “menos merecedoras” do que nós parecem ter privilégios, posses, status, que nós não temos. E isso pode-nos tornar desconfiados em relação ao amor e cuidado de Deus! Tiago em sua carta diz: “Pois onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males”. (Tiago 3:16)