sexta 26 de abril de 2024Logo Rede DS Comunicação

Assine o Jornal impresso + Digital por menos de R$ 34,90 por mês, no plano anual.

Ler JornalAssine
Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
Envie seu vídeo(11) 4745-6900
Coluna

Deixe ir

07 novembro 2021 - 05h00


Ao longo da vida vamos acumulando coisas às quais nos apegamos. Podemos ser apegados a coisas materiais, ideias, pessoas, acontecimentos, contextos. "Desapegar-se" significa desprender-se, liberar, soltar, deixar ir. Mas, pelos mais diferentes motivos, vamos retendo de tal forma que ficamos presos ao objeto de nosso apego. Recentemente, a minha irmã foi ajudar a nossa mãe a fazer desapegos de roupas e utensílios que estavam guardados há muitos anos, sem uso. Qual não foi a dificuldade de nossa mãe em deixar ir, por motivos afetivos, as roupas e os utensílios que não eram mais utilizados! Por ela ter emagrecido muito, as roupas ficaram largas e não compensava ajustá-las. Mesmo assim, ela resistia em "deixar ir", pois ficava lembrando do valor afetivo de cada coisa. Por fim, depois de um processo libertador de duas semanas, ela foi, aos poucos, desapegando, ficando com o que, realmente, será utilizado. É interessante esse processo, porque a decisão de "desapegar" é da própria pessoa. Não adianta obrigar. 
Não é incomum hoje em dia encontrarmos pessoas com transtorno de acumulação compulsiva - são os acumuladores, que juntam grande quantidade de coisas, geralmente em completa desordem, ocupando áreas da casa ou do local de trabalho. Começam enchendo um quarto de coisas; depois, outro quarto, a sala, a cozinha, até que não sobre espaço para mais nada. Trata-se de uma doença que deve ser tratada. O livro chamado "Jogue fora 50 coisas", de Gail Blanke, destaca quatro regras do desapego, que podem ajudar as pessoas a acabarem com a desordem de suas vidas, não acumulando o que não usam. A primeira regra diz - "se algo traz peso, fica entulhado por muito tempo, faz você se sentir mal consigo mesmo, jogue fora, dê, venda, deixe ir embora, siga em frente. Muitas vezes ficamos apegados a relacionamentos, ao nosso passado, a situações e contextos, que nos fazem mal, porque nos sentimos presos emocionalmente a essas coisas. E o simples fato de pensarmos em alterar esse ciclo nos angustia. 
Por que alguém fica preso a um relacionamento abusivo? Por que alguém deposita as suas expectativas nos outros de tal forma que não consegue andar com as próprias pernas? Por alguém não consegue dizer "não" para determinada situação, quando esse é o seu desejo? Por que alguém aceita as "migalhas" em relacionamentos? O motivo, provavelmente, pode estar ligado à baixa autoestima. É preciso entender quando um ciclo chegou ao fim. Muitas vezes insistimos em continuar em um ciclo de vida, que nos faz sofrer, por medo, insegurança, culpa, ou qualquer outro sentimento. É melhor "desapegar-se", deixar ir, soltar, liberar... Sobre o apego ao passado, o apóstolo Paulo nos traz uma preciosa lição - "esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus..." (Filipenses 13:13-14) Muitas vezes é difícil nos desprendermos de coisas do passado. Podemos estar apegados a práticas ruins, a pessoas que nos fizeram e fazem mal; pode ser o apego a atitudes, modos, hábitos, que nos causam muito prejuízo. Pode ser o apego a uma decepção, mágoa, dor; enfim, podemos estar apegados a tantas coisas que nos impedem de seguir em frente e de escrevermos uma nova história para a nossa vida, com a ajuda de Deus. Podemos, inclusive, estar apegados a erros que cometemos no passado. Mais difícil do que perdoar os outros é perdoar a si mesmo, muitas vezes! Imaginem se o apóstolo Paulo fosse viver das lembranças do passado, antes de seu encontro com Cristo! "Desapegar-se" é renovar a esperança em si mesmo. Pode ser difícil e doloroso, mas é sempre proveitoso!