As nossas ações revelam onde está o nosso coração. E os contextos em que vivemos modelam em grande parte o nosso modo de pensar e agir. Toda vez que Deus quis fazer uma grande mudança na vida de alguém, Ele mandou essa pessoa sair do ambiente, do contexto em que estava vivendo. Para Abrão Deus disse para ele sair da terra onde vivia, do meio de sua parentela, e que fosse para uma terra totalmente desconhecida, sob a promessa de que faria dele uma grande nação. (Gênesis 12:1-2) E ele obedeceu! O povo hebreu teve que sair da escravidão no Egito para viver uma nova realidade e o propósito de Deus, rumo à Terra Prometida. Simão Pedro e André tiveram que deixar as suas redes e afazeres a fim de seguirem o Mestre e serem transformados em "pescadores de homens". O mesmo aconteceu com Tiago e João. É muito conhecida a história da mulher de Ló, que olhou para trás e foi transformada em uma estátua de sal (Gênesis 19:1-26) Essa história sempre me impressionou. A mulher de Ló vivia numa cidade corrompida - uma cidade cruel, na qual leis e princípios não eram mais respeitados. O caos estava instalado. Quando Deus já não pôde suportar a impiedade daquele lugar, enviou seus anjos, na forma de homens, para a casa de Ló, a fim de avisá-lo de que estava para destruir aquela cidade. Crendo na mensagem dos anjos, Ló se apressou para falar com seus genros e filhas sobre o que Deus faria com a cidade. Mas eles acharam que Ló estava brincando, e não fizeram nada. Semelhante fato ocorreu com Noé, que foi considerado "louco" por construir uma arca, obedecendo a ordem de Deus, tendo em vista a chegada do dilúvio. Até mesmo Ló, sua esposa e as duas filhas hesitaram. Então, os anjos tiveram de agarrá-los pela mão e levá-los para fora da cidade, ordenando para que não olhassem para trás. (Gênesis 19:17)
Por que não deveriam olhar para trás? Seria um teste de obediência? Seria um ato simbólico de deixar para trás o mal e olhar para frente, em direção às promessas e à provisão de Deus para eles, os únicos habitantes salvos daquela cidade corrompida? Não sabemos. Todavia, a mulher de Ló não passou no teste. Ela deve ter pensado: "Passei tantos anos construindo uma casa e, agora, tudo vai ser destruído? Não acredito! O que será de minhas jóias, minhas roupas, minhas panelas, meus animais domésticos? Como vou deixá-los para trás?" A Bíblia nos ensina a não olharmos para trás. Uma vez que abraçamos o caminho da fé em Jesus não podemos olhar para trás, voltando às velhas práticas. Mesmo diante do perigo iminente, da vida colocada em risco, ela fez a escolha errada. Olhou, não para o que estava ganhando - a própria vida, mas para o que estava perdendo. Como resultado - "olhou para trás e ficou convertida em uma estátua de sal". Um alerta para todos nós! Se passarmos o tempo todo atolados nas suposições a respeito do passado, do que perdemos, não traremos nenhum impacto sobre o presente e futuro. A menos que abramos mão do apego às coisas do passado, deixando de imaginar como tudo poderia ter sido diferente, não seremos capazes de experimentar coisas novas. É muito fácil ficarmos presos a um contexto ou situação, ainda que isso nos faça mal, seja por medo, teimosia ou acomodação. Mas a história triste da mulher de Ló nos ensina a colocar o nosso coração onde, realmente, importa!