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Jornal Diário de Suzano - 01/05/2024
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Coluna

Perdoados e reconciliados

12 fevereiro 2023 - 05h00

Todos nós já fomos feridos, machucados, maltratados por alguém. E já precisamos liberar perdão! O quanto antes o conserto for feito tanto melhor! Mas, muitas vezes, o perdão e a reconciliação podem levar anos. Foi o que aconteceu com Jacó e Esaú. Como sabemos pelos relatos bíblicos, Jacó havia "roubado" o direito de primogenitura de seu irmão, aproveitando-se de um momento de fragilidade de Esaú, que trocou a sua bênção por um prato de lentilhas. Mais tarde Esaú se deu conta de sua decisão inconsequente. Quando Isaque, o pai de ambos, já estava velho e cego, Rebeca, a mãe, arquitetou um plano ardiloso para que Jacó recebesse a bênção do pai no lugar de Esaú. Vítima de um plano enganoso, colocado em prática pela mulher e pelo filho, Jacó, Isaque deu a bênção destinada a Esaú para Jacó, o que acabou por gerar mais ódio em Esaú, o qual passou a acalentar no coração o desejo de matar o irmão para se vingar. Na antiguidade bíblica, a bênção de um pai tinha um valor profético sobre o futuro. Era também como se fosse uma espécie de testamento. Mas Esaú, também vítima da trapaça, perdera a sua bênção. Sendo injustiçado, respondeu com ódio e desejos de vingança. Definitivamente, agora Jacó tinha as bênçãos patriarcais que pertenciam a Esaú. O pedido desesperado de Esaú por uma bênção nos faz entender a dor de seu coração: - "Pai, será que o senhor não guardou nenhuma bênção para mim?" (Gênesis 27:36) À negativa do pai, ele insistiu: "Será que o senhor tem só uma bênção? Abençoe também a mim, meu pai. E começou a chorar alto". (v. 38) Mas o fato não podia mais ser alterado! As palavras do pai não foram de bênçãos. De acordo com a profecia de Isaque, Esaú viveria confiando em sua espada. Por muito tempo os seus descendentes estiveram sobre o jugo dos israelitas, até conseguirem se libertar. (II Reis 8:20) Houve, no entanto, um momento crucial de libertação para Esaú, que está registrado em Gênesis 33:4, vinte anos mais tarde, quando ele perdoou o irmão, Jacó, no emocionante encontro nas imediações do rio Jaboque. A Bíblia não esconde o pecado de ninguém. O pecado não fica impune. Jacó passou por muito sofrimento dali em diante, sendo enganado, explorado, por Labão, seu tio e sogro, por vinte anos. Ele teve que aprender a ser humilde, correto, quebrantado e guiado por Deus. Assim somos nós! Depois de 20 anos, Esaú e Jacó se reencontrariam. Havia muito ódio acumulado no coração de Esaú. De volta à sua terra, com toda a sua família, seus animais, escravos, Jacó tentou usar as próprias estratégias nesse reencontro. O irmão foi ao seu encontro com quatrocentos homens. Ao ouvir isso, Jacó teve medo e ficou muito preocupado. Dividiu o seu povo em dois grupos e fez uma oração: - "Ouve-me, ó Senhor, Deus do meu avô Abraão e de Isaque, o meu pai! Tu me mandaste voltar para a minha terra e para os meus parentes, prometendo que tudo correria bem para mim. Eu, teu servo, não mereço toda a bondade e fidelidade com que me tens tratado. Quando atravessei o rio Jordão, eu tinha apenas um bastão, e agora estou voltando com estes dois grupos de pessoas e animais. Ó Senhor, eu te peço que me salves do meu irmão, Esaú. Tenho medo de que ele venha e me mate e também as mulheres e as crianças. Lembra que prometeste que tudo correria bem e que os meus descendentes seriam como a areia da praia, tantos que ninguém poderia contar". (Gênesis 32:9-12) Deus respondeu à oração de Jacó. Deu a ele novas estratégias para lidar com o problema. Além de enviar presentes preciosos ao irmão, ele se colocou humildemente como um servo do irmão. Naquela noite, Jacó teve um encontro transformador com Deus, no Vau de Jaboque. Foi ali, lutando com Deus, que o seu nome foi mudado de "Jacó" (suplantador/usurpador) para "Israel" (príncipe de Deus, aquele que governa e prevalece com o Todo-Poderoso). A oração feita por Jacó e atendida por Deus transformou o coração de Esaú, assim como também transformou o próprio Jacó. Ao ver o rosto de Esaú, Jacó comparou-o ao de Deus. O texto é impactante: "Quando Jacó viu que Esaú vinha chegando com os seus quatrocentos homens, dividiu os seus filhos em grupos (...) Depois, Jacó passou e ficou na frente; sete vezes se ajoelhou e encostou o rosto no chão, até que chegou perto de Esaú. Porém Esaú saiu correndo ao encontro de Jacó e o abraçou; ele pôs os braços em volta do seu pescoço e o beijou. E os dois choraram!" (Gênesis 33:1-4) Essa história de perdão e reconciliação lembra o nosso relacionamento com Deus. Através de Jesus, fomos perdoados e reconciliados com Deus. Quando Pedro perguntou a Jesus quantas vezes deveria perdoar um irmão que pecasse contra ele, Jesus deu um número elevado (70 x 7), que significa "sempre". Existem muitas chances de nosso coração ficar "endurecido" e "fechado" para perdoar. É preciso Deus para "amolecer" e "endireitar" o nosso coração. Perdoar é um imperativo da graça. Perdoar é tirar um peso do coração. Se queremos ser perdoados por Deus, precisamos perdoar. Que aprendamos a perdoar!