A Justiça condenou dois ex-policiais civis de Suzano por extorsão mediante sequestro e fuga de presos. Eles teriam sequestrado o enteado de Alexandre Marcos Camacho, o Marcola, líder da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O crime foi apontado como um dos estopins para os ataques contra bases policiais em maio de 2006. O pedido para instaurar a ação foi feito pelo Ministério Público (MP) do Estado de São Paulo. Os policiais integravam a equipe de investigação da Delegacia de Polícia de Suzano e montaram um “setor de inteligência” para o trabalho de investigação com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, especialmente em relação ao tráfico de drogas praticado por membros do PCC. Mas, de acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, os policiais omitiam as informações dos procedimentos de investigação e utilizavam o material para extorquir os criminosos. Nestas investigações, a Justiça expediu mandado de busca e apreensão em uma empresa onde trabalhava o enteado de Marcola. Em abril de 2005, o mandado foi cumprido pelos três policiais e pelo informante que, apesar de não haver situação de flagrante, deram voz de prisão ao enteado e ainda revistaram a sua residência, em outro endereço, de onde retiraram um computador e vários objetos. O enteado foi mantido no Distrito Policial (DP) de Suzano e obrigado a chamar um advogado, de quem os policiais exigiram a quantia de R$ 1 milhão para não prendê-lo em flagrante por tráfico de drogas. O enteado de Marcola acabou libertado na noite seguinte, após o pagamento de R$ 300 mil. Desse total, R$ 6 mil foram dados dias depois a um dos policiais, para que ele não comunicasse o ocorrido à autoridade da Polícia. Ainda segundo a denúncia, em março de 2006, os dois policiais cobraram e receberam propina de R$ 40 mil para facilitar a fuga de um homem, que havia sido preso em Diadema. Ele seria interrogado na Delegacia de Suzano e os policiais o manteriam ali durante um fim de semana, quando ocorreria a fuga. O plano, porém, foi descoberto e o preso removido às pressas, impedindo a fuga. A Justiça de Suzano condenou os policiais a 22 anos de reclusão cada um pelos crimes de extorsão mediante sequestro e fuga de preso. Ambos deverão cumprir a pena em regime inicial fechado e, como tiveram a prisão preventiva decretada, não poderão recorrer em liberdade. A sentença também decretou o perdimento dos bens e valores apreendidos com ambos, em favor da União. Os outros dois ex-policiais envolvidos, denunciados respectivamente por extorsão mediante sequestro e corrupção passiva, foram absolvidos. O MP recorreu dessa decisão. Todos os policiais envolvidos já foram expulsos da corporação.