As mais de 400 demissões efetuadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) desde janeiro deste ano pode gerar atrasos na entrega de obras de captação de água no Alto Tietê. A questão levantada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado São Paulo (Sintaema) destaca a crise financeira pela qual a empresa passa. Além disso, uma assembleia, na noite de ontem, definiu que os trabalhadores da Sabesp vão entrar em greve no próximo dia 19 para cobrar a readmissão dos trabalhadores demitidos. De acordo com o secretário geral da entidade, Antonio da Silva, o Ceará, a redução da folha visa minimizar os gastos da Sabesp, mas não considera os trabalhadores. "Nosso acordo coletivo prevê demissão de apenas 2% do quadro, mas em casos excepcionais, não desligamentos coletivos. De janeiro até agora tivemos mais de 450 demissões (no Estado)", revela. Ceará afirma que os desligamentos são a nível estadual. "Trabalhamos no sentido de sinalizar uma greve geral. Em todo Estado", garante. O secretário adianta que as obras da Sabesp em São Paulo não devem parar por serem realizadas por empresas terceirizadas. Em contrapartida, no Alto Tietê, o cenário é diferente. Em Suzano, por exemplo, as obras de captação de água do Rio Guaió são realizadas 100% com mão-de-obra própria. "Ainda não podemos precisar quantos funcionários foram desligados. Mas tanto no Alto Tietê, quanto em Suzano aconteceram demissões. Foram demitidos funcionários operacionais, dos setores de atendimento, manutenção e manobra", detalha. O secretário completa que há oito anos, a Sabesp contava com 18,5 mil colaboradores diretos e hoje possui aproximadamente de 14,7 mil. Contudo, pretende reduzir a folha de pagamento em até 9,9%. Em nota a Sabesp disse que o acordo coletivo vigente, assinado em maio de 2014, prevê a readequação no quadro de pessoal, com possível dispensa, limitada a 2% do efetivo total. Além disso, a relação entre o empregador e o empregado, segundo o acordo, prevê a possibilidade de rompimento do contrato de igualdade de condições para ambas as partes. A companhia ressalta que os ajustes no quadro de funcionários não comprometerão a qualidade na prestação de serviços e frisa que persegue a melhora do índice de produtividade nas ligações de água e esgoto e assegura ainda aumento de 70% da eficiência da Sabesp. A empresa foi questionada sobre o número de demissões e atraso nas obras, mas não se pronunciou sobre o assunto.