A psicóloga e pesquisadora científica, Débora Machado (CRP 06/148023), lançou recentemente um gibi sobre os desafios da adolescência. O objetivo do material é trazer os problemas e desafios enfrentados durante a adolescência para pais, coordenadores e professores. De acordo com a psicóloga, a ideia é de que o material possa servir como um instrumento para apontar caminhos e soluções.
Débora conta que a idealização do material surgiu por meio de vivências que teve durante palestras em escolas para tratar de temas como depressão e suicídio. Ela conta que percebeu uma deficiência da comunidade escolar em perceber sinais de questões relacionadas a essa temática em alunos. “Muitos professores e coordenadores não conseguem ou não sabem identificar esse tipo de problema nos adolescentes. E quando identificam não sabem o que fazer. Então a ideia do gibi é ser um instrumento para contribuir com a comunidade escolar e apontar caminhos”, explica.
A psicóloga diz que tratativas sobre questões emocionais e outras problemáticas ainda é muito defasada nas escolas da região. Para ela, é necessário haver uma integração dos sistemas da cidade para que os casos entre adolescentes sejam tratados com maior agilidade e facilidade. “As escolas estão pipocando de casos e suicídio, automutilação e de depressão. E temos uma defasagem muito grande de profissionais da área para realizar esses tratamentos. Então eu acredito que precisamos ter uma parceria entre a Saúde e a Educação para acompanhar esses jovens que necessitam desse amparo”, defende.
O material foi finalizado ano passado e a expectativa era de que fosse distribuído de forma impressa no início do ano letivo. Entretanto, com a chegada do coronavírus na região e a suspensão por tempo indeterminado das aulas, o lançamento foi cancelado. Débora conta que agora pretende disponibilizar o material pela internet.
“Acredito que fazer a distribuição online pode ser até melhor, justamente porque conseguimos atingir mais pessoas com o material”, diz. A expectativa é de que o material esteja disponível em até um mês. Mais informações podem ser obtidas por meio da página do Facebook da psicóloga (facebook.com/deboramachadopsi).
Segundo ela, além das demandas já identificadas na população, "estamos no meio de uma pandemia (Covid-19) que exige uma atenção psicossocial e grandes desafios na atenção básica".
Oficialmente, a cidade de Suzano hoje conta com atendimento psicológico nos quatro CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da cidade, atendimento na atenção básica e, após ao massacre na E.E Professor Raul Brasil, segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado São Paulo, foi instaurado em Suzano, em 2019, o CRAVI (Centro de Referência e Apoio à Vítima). “De janeiro a dezembro de 2019, foram realizadas 2.486 triagens, acolhimentos e atendimentos. O número é considerado recorde para o período; aumento de 76% dos casos em relação ao ano de 2018, que contabilizou 1.406 atendimentos”. O programa atende também outras cidades do Alto Tietê e Paraisópolis.
Débora reiterou que o gibi foi criado na perspectiva de ser um instrumento orientador, mesmo não sendo uma tarefa atribuída a profissionais da educação, "a problemática é mais complexa e precisa ser pensada por gestões e equipe multidisciplinar".
"A integração é importante, pois por meio de uma rede pode-se inclusive construir um protocolo de identificação e encaminhamentos necessários. Assim como é fundamental a garantia da execução da Lei. 13.935/19, que garante profissionais de psicologia e assistentes sociais nas escolas, até mesmo na perspectiva de que se articule com as políticas públicas no território, como as do SUS (Sistema Único de Saúde). E propor caminhos é uma tarefa de profissionais, atendidos e da sociedade", disse.