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Jornal Diário de Suzano - 28/04/2024
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Coluna

Benefícios da negativa justificada

11 julho 2023 - 05h00

Ouvia hoje pela manhã a leitura do Evangelho sobre a determinação das palavras SIM e NÃO.
Temos muita dificuldade em dizer não, acreditando que estaremos magoando ou ofendendo as pessoas que nos questionam pelos mais diversos motivos. Nossos amigos, conhecidos, aqueles que nos estendem as mãos em busca de auxílio e principalmente aos nossos filhos.
É fácil falar não quando nossos filhos são pequenos e os corrigimos, basta dizer não em um tom de voz mais contundente e eles rapidamente entendem que aquela ação não deve ser feita, seja tirar um enfeite do lugar, seja abraçar um animal, seja fazer birra por qualquer motivo. Assim vamos falando alguns nãos e buscamos mantê-los em segurança.
Infelizmente quando crescem deixamos de falar nãos importantes e muitas vezes nos tornamos permissivos, saem de casa a qualquer hora, sem dar satisfação e não os repreendemos acreditando que estamos dando liberdade e saberão lidar com ela...
A vida nos ensina rotineiramente que a liberdade deve ser concedida vagarosamente como faziam nossos pais, sempre sob olhar vigilante, permitindo o crescimento e o entendimento sobre o que seja responsabilidade, evitando que se envolvam com pessoas e coisas erradas. Fora do nosso olhar amoroso muitas coisas acontecem e se não estivermos atentos o desvio do caminho certamente acontecerá e quando tomarmos conhecimento pode ser tarde. Não estaremos beneficiando nossos filhos com liberdade irrestrita enquanto eles ainda estão aprendendo sobre a vida, pois, até para os adultos é difícil lidar com algumas situações que nos deparamos no cotidiano.
Outras vezes somos permissivos com os amigos, com medo de ofendê-los e ao sermos inquiridos se podemos fazer isto ou aquilo acabamos respondendo positivamente, quando muitas vezes sabemos que vamos nos sobrecarregar e que a resposta deveria ter sido não.
O dizer não nunca é ofensivo é simplesmente uma prerrogativa que temos e ela evita dissabores futuros. Com medo de magoar acabamos nos envolvendo em situações que poderiam ter sido evitadas, emprestamos nosso cartão de crédito para aquela compra emergencial e perdemos o valor da compra e a amizade, emprestamos o veículo e arcamos com o custo dos reparos de um acidente, emprestamos a casa da praia e temos o dissabor de encontra-la desorganizada, suja passamos o nosso final de semana de descanso fazendo faxina, tudo porque não quisemos magoar este ou aquele amigo ou familiar. Até mesmo aqueles que nos procuram em busca de ajuda para se alimentar devem saber que esse auxílio deve ser limitado, as entidades assistenciais também assim devem agir, afinal a ajuda não deve ser permanente para não ficar no costume e acomodados não buscarem modos de evoluir, de progredir, de buscar um emprego que supra suas necessidades, abrindo espaço para que outras pessoas que também passam por dificuldade sejam auxiliadas.
A beneficência não pode ser uma coisa definitiva, podemos ajudar, mas devemos dar condições de crescimento ao beneficiado, para que busque alternativas de trabalho, mesmo nos tempos caóticos que vivemos. Ensinar a pescar e importante e necessário, então colocar limites, dizer não muitas vezes transforma a vida de pessoas para melhor, porque encarando a possibilidade de encontrar a porta fechada procurará meios de estudar, de se preparar para não depender e não tornar sua família também dependente.
A beneficência em seu sentido amplo nos faz entender que não muitas vezes é mais salutar do que o sim frequente e impensado.