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Jornal Diário de Suzano - 28/04/2024
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Coluna

Ficou na lembrança

18 julho 2023 - 05h00

A cerimonia simples encerra as atividades de toda uma vida.
Não há mais necessidade de correr para atender os afazeres domésticos e ainda dar conta de suas atividades profissionais, o cuidado com os filhos que apesar de crescidos ainda são vistos como crianças que devem ser amparadas...
A preocupação com os netos, com a consulta médica do esposo já aposentado que enfrenta problemas sérios de saúde (segundo seu entender), relevando as próprias necessidades, adiando aquela consulta para si, afinal não estava tão mal assim...
Pequena no tamanho, sempre foi a mais miúda numa família irmãos homens, bem mais altos que ela, mas que ela via como meus irmãos menores, sempre carentes de cuidados...
Ah! Não se preocupe afinal eles já formaram suas próprias famílias, tem esposa e filhos, são responsáveis por si mesmos, sabem decidir o que é melhor... Não, ela não via assim, sempre estava atenta as possíveis necessidades deles...
Pequena de estatura e dona de um coração imenso, sempre disposta a estender sua mão e ajudar quem precisasse, fosse com a família, os amigos, até mesmo pessoas que a procuravam por indicação, envolvida sempre nos meios políticos em que vivia em função de suas atividades profissionais.
Na família era conhecida por sua maneira franca de falar o que pensava, sem retoques, sem a preocupação de ofender, sempre acrescentando alguns palavrões para se fazer mais clara em suas exposições.
Com isso ganhava algumas inimizades, não era entendida muitas vezes por suas atitudes consideradas intempestivas e desnecessárias.
Entretanto, bastava alguém ligar falando que fulano ou ciclano estava com dificuldades, lá estava ela na porta com os cabelos sempre revoltos e um sorriso nos lábios pronta para ajudar no que fosse preciso.
A vida toda foi assim, vivia num eterno modo apressado, sua figura miúda, escondia a agilidade de uma gigante em atitudes.
Não importava onde se encontrava a dificuldade, perto ou longe ela ia lá para auxiliar, estava presente mesmo no interior, onde fazia visitas frequentes aos irmãos, sobrinhos e parentes distantes. Todos faziam parte de suas preocupações.
Com a saúde afetada por sua agitação contínua, pelo vício do cigarro (que segundo ela ajudava a pensar e tranquilizar) não mudava suas atitudes junto aqueles que precisavam. Agora com mais dificuldade para se locomover usava o celular para se fazer presente na vida daqueles que amava, ligava perguntando como estava este ou aquele familiar, se precisavam de alguma coisa, jamais reclamando dos próprios problemas de saúde, sempre nos atentando para os cuidados que deveríamos ter, esquecendo-se de si própria.
Agora olhando para o esquife na cerimonia simples que encerra toda uma vida, ficamos aqui imaginando se do outro lado da vida também estará discutindo alguma maneira de continuar estendendo suas mãos miúdas para ajudar alguém ou reclamando com São Pedro desejando voltar para acudir algum parente ou conhecido.
Assim foi a vida dessa prima que partiu, deixando o vazio de sua presença mesmo que fosse pelo bom dia matutino ou nas esticadas conversa diurnas onde procurava saber de todos e se podia ajudar de alguma maneira.
Segue em paz, aqui a vida vai continuar e sua lembrança será presente sempre...