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Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
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Coluna

Indiferença imobiliária

13 julho 2021 - 05h00

Agora vivemos de lembranças de algumas paisagens que até pouco tempo atrás faziam parte de nossos percursos para o trabalho ou para os passeios.
Onde havia uma imensa plantação de morangos, onde todos de uma mesma família de orientais trabalhavam unidos no cultivo dessa fruta deliciosa, hoje se vê um imenso canteiro de obras e a perspectiva de serem construídos mais de quatro prédios de apartamentos, que serão em breve ocupados por muitas famílias.
Acolá onde imensos canteiros verdes encantavam a nossa vista, nos fazendo imaginar a delicia de salada que iriamos fazer com o que comprávamos direto do produtor na porta de seu sítio, onde alface, repolho, couve-flor, brócolis, salsinha e cebolinha tinham acabado de ser colhidos e já iriamos consumir tudo fresquinho, agora ganharam um colorido diferente, inúmeros prédios da mesma cor, construídos em sequência ocupam o espaço que antes fazia parte do cinturão verde da nossa cidade.
O restante dos espaços foram transformados em estacionamento onde poucas árvores, na maioria pequenos coqueiros foram plantados como enfeites na paisagem e, talvez um dia venham dar alguma sombra.
A pista estreita dos tempos da área rural, onde somente nos horários matutinos e à tarde quando retornavam do Ceasa trafegavam caminhões carregados de caixas de frutas e verduras, manteve-se tal e qual era ganhando somente uma boa camada de asfalto que não suporta o ir e vir de milhares de veículos que ali circulam atualmente, causando congestionamento em qualquer hora do dia e nos obrigando a sair bem mais cedo caso tenhamos um compromisso com horário agendado.
Por um lado percebemos que as famílias que se uniam nas plantações, viram seus filhos e netos buscarem instrução nos bancos escolares, caminhando em novas direções, ganhamos engenheiros, médicos e outros profissionais tão necessários, mas perdemos na busca pela alimentação sadia e na companhia do estresse que agora faz parte da rotina quando precisamos por ali circular.
Por todos os lados das cidades percebemos essas mudanças radicais, espaços antes ocupados pela agricultura familiar, agora são empreendimentos imobiliários de grande porte, afinal as moradias são necessárias e a população cresce progressivamente.
Entretanto, não vemos o cuidado desses empreendimentos com o entorno de suas obras, nenhum deles quer perder espaço, por menor que seja para que se ampliem as vias e as calçadas, vão ocupando tudo, sem se preocupar em facilitar o trânsito que vai ganhar a cada dia um número maior de veículos de passeio e os coletivos que passarão a servir os novos habitantes do local.
As ruas estreitas agora também têm veículos de prestadores de serviço estacionados, pontos de ônibus, bicicletas e pessoas que atravessam em qualquer lugar, tornando o trânsito caótico e estressante para aqueles que são obrigados a vivenciar essa situação diariamente.
De outro lado percebemos também que não há preocupação do poder público em administrar essas situações, obrigando esses empreendimentos melhorarem o entorno de suas construções com alargamento das ruas, com construção de ciclovias e boas calçadas, pois, num futuro próximo, nem mesmo com boa vontade conseguirão mudar essa situação, porque todos os espaços já estarão ocupados.
Essas obras são administradas por pessoas especializadas e que deveriam pensar no conforto futuro dos moradores e usuários das vias, entretanto, o lucro com o maior número possível de moradias parece ser mais importante que o alargamento das ruas e até mesmo a implantação de espaços verdes para alimentar com oxigênio sempre renovado o ar que se respira.