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Jornal Diário de Suzano - 27/04/2024
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Coluna

O carnaval de outros tempos

13 fevereiro 2024 - 05h00

Comentários são frequentes sobre o carnaval de hoje e o de outros tempos.
Sobre a liberdade de agora, com o uso de poucas vestimentas, da transformação de uma alegria saudável para o que se tornou a festividade carnavalesca de dias atuais.
Lembro e certamente não sou só eu que guardo essas lembranças na memória dos tempos de criança e até mesmo de adolescente que íamos aos clubes nessas datas, onde a banda tocava musicas antigas e atuais de carnaval e dançávamos fazendo um cordão em torno do salão, a alegria era contagiante e a diversão garantida.
Muitos romances aí se iniciavam os pais normalmente estavam presentes e acompanhavam nossa movimentação confortavelmente sentados com outros pais, compondo mesas de familiares e amigos que também estavam ali para dar segurança e confiabilidade ao lugar onde a família se divertia.
Confetes e serpentinas voavam pelo salão, muitas vezes grudando em nossa pele úmida de suor.
Podíamos usar shorts e camisetas, não seriamos desrespeitadas e para alguns que a lembrança vai mais longe, recordam do uso das lança perfume, frascos bonitos de vidro e metal que lançavam no ar um perfume envolvente, que era somente usado ali, no momento da diversão.
As trocas de olhares entre os jovens podiam se transformar numa grande amizade ou num flerte que iria se transformar num namoro, que culminaria com o noivado e casamento que perduraria por anos, os amores de carnaval.
Quem não podia ir aos clubes, tinha a opção de acompanhar os blocos nas ruas, onde passavam animados grupos, normalmente homens vestidos de mulher ou de bebê, curtindo de maneira saudável aquela alegria que contagiava a todos que acompanhavam cantando as musicas carnavalescas que entoavam... 
Nesses grupos muitas vezes estavam presentes membros de nossa família, pais irmãos, primos, que fora dessa data eram amigos e se reuniam para um bate papo ou para o jogo de futebol semanal ou até mesmo porque trabalhavam na mesma empresa ou tomavam a mesma condução para seus afazeres diários. Amigos que se reuniam para assuntos sérios e para diversão, sempre com responsabilidade.
As prefeituras colaboravam fechando as ruas para o trânsito, então todos podiam circular livremente com segurança e ali ficávamos vendo os grupos num dia, as escolas de samba no outro com seus componentes com roupas coloridas e cheias de brilho, seus carros alegóricos produzidos com determinação e carinho, as passistas e alguns familiares nossos que ali também desfilavam fantasiados.
Hoje a alegria do carnaval de rua está quase esquecida, acompanhamos pela televisão o desfile de grandes escolas de samba, com seus enredos, carros alegóricos, suas sambistas quase desnudas que cultivam o corpo para essas apresentações, tudo muito elaborado e que agrada aos olhos pela grandiosidade, pela perfeição de suas criações, mas de acesso caro e não acessível a todos, mas bonito de se ver e que costuma nos fazer manter a tevê ligada na torcida pela escola mais bonita e bem produzida.
Alguns clubes estão revivendo os antigos bailes, talvez porque a nostalgia vai tomando conta das pessoas que sentem saudades de um tempo de alegria diferente, em que os cuidados com a segurança e o assedio eram menores, quase inexistentes, mas a alegria era sempre presente.