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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

Sincronia dos pássaros

06 janeiro 2020 - 23h59
Amo ficar perdendo meu tempo olhando o voo dos pássaros, não entendo nada do que conversam entre si, mas percebo que se entendem perfeitamente.
Lá estão parecendo contemplativos nos galhos do imenso ingazeiro, aqui e acolá parecem achar algum petisco interessante, engolem rapidamente e voltam à posição anterior, como se nada houvera ocorrido.
Repentinamente todos voam na mesma direção como se houvesse um acordo entre todos, uma combinação silenciosa, o voo tem altos e baixos literalmente, alguns rasantes e logo voltam para as alturas usufruindo o que o homem mais inveja, a liberdade de voar com suas próprias asas sentindo o vento na face e indo para onde desejar...
Alguns vão se separando e aparentemente rumam para seus ninhos em pares, sem confusão e encontrões, tudo muito em ordem...
Logo a seguir pousa na mesma árvore, que nesta época está carregada de frutos maduros que atraem os pássaros e os humanos que sabem saborear o que a natureza proporciona gratuitamente, um casal de papagaios barulhentos... Pelo intenso colorido das penas presumimos que o macho é o que fica a observar o movimento ao redor, enquanto ela se posiciona até de cabeça para baixo para colher a fruta com seu bico cortante e logo o segura entre as garras enquanto limpa calmamente as sementes jogando as cascas que são secas e sem sabor. Ficam ali durante muito tempo, visitando os galhos da árvore, buscando aqueles que estão mais carregados, ele mantém a guarda aparente, mas também se alimenta, sem tanta avidez, com calma e sem muito barulho, enquanto ela palreia alto, talvez chamando os amigos que passam voando em direção a serra...
Se ouvem algum barulho estranho, silenciam rapidamente, sem, contudo, abandonar os frutos que colheram e continuam saboreando.
Após satisfazerem o apetite, saltam para o abacateiro que fica no meu quintal e agora está carregado de frutas que começam a amadurecer, ali arrancam alguns dos galhos e trituram em seus bicos a casca para poderem usufruir da polpa macia, nada escapa da avidez esfomeada dessas aves, o pé de acerola ainda tem algumas frutinhas maduras e lá vão eles aproveitar o que a natureza fornece generosamente.
Saciados levantam voo na mesma direção e velocidade, posso vê-los por algum tempo ainda enquanto buscam a mata da serra do Mar que está exuberante com seus mais variados tons de verde e onde certamente encontrarão outras delícias para satisfazer o apetite insaciável que parecem ter.
Fico ali durante bom tempo imaginando que essas aves vivem em parceria durante a vida e, parecem se entender perfeitamente, não brigam, não perdem tempo discutindo ou querendo saber quem tem razão, somente aproveitam o que a natureza lhes concede, o voo é sincronizado e perfeito, seguem na mesma direção, não se desviam de seus destinos, acasalam, criam seus filhotes numa parceria admirável, ambos se preocupando em alimenta-los até poderem voar livremente se seguir suas vidas.
Não se cobram, não se ofendem, não se magoam... Diferentemente de nós humanos racionais e inteligentes, que não conseguimos viver na mesma paz e com a mesma sincronia...