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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

Velhos guardados

06 abril 2020 - 23h59
Em tempo de quarentena que nos mantém em casa, aproveitamos para colocar ordem naquelas coisinhas que iam sendo deixadas de lado, pela nossa alegada falta de tempo.
Hoje a visão do exterior nos é mostrada pelo olhar estendido em nossa janela ou quando muito no portão quando aproveitamos para deixar os cachorros esticarem as pernas, então observamos nossa rua, agora vazia e solitária, sem a companhia dos vizinhos que também se recolheram ou que foram trabalhar, pois, fazem parte daqueles que não podem abandonar a frente de combate. Por estes oramos e pedimos que sejam sempre protegidos, assim como aqueles nossos familiares, distantes ou não que lá estão em seus trabalhos necessários e imprescindíveis.
Mas, voltando para o interior de nossas casas, entre os afazeres cotidianos encaixamos aqueles que há tempos derrogávamos sob alegação de que um dia com calma o faríamos... 
E lá vamos nós arrumarmos nosso guarda roupa e lá encontramos algumas peças que fizeram parte de dias alegres e festivos e, olhando com calma percebemos que já não merece ficar ali escondida, no aguardo de uma nova oportunidade, a oportunidade de dar vida nova é agora, vamos doar e certamente alguém fará uso para seu momento feliz. Vemos outras peças que voltaram à moda e nem nos lembrávamos de sua existência, então seguirão tomar sol, arejar e parecerão roupas novas quando nossa rotina nos for devolvida.
Gavetas escondem silenciosas velhos e preciosos guardados e, lá vamos nós com calma abrindo cada uma delas, como se fosse um baú do tesouro do pirata... O que será que está guardado naquele envelope amarelado pelo tempo, bem no fundo, debaixo de nossas roupas diárias? Abrimos e encontramos cartas da época do namoro, com suas declarações efusivas e cheias de carinho, tanto as que recebemos quanto as que enviamos juntas, assim como juntos estão seus missivistas há tanto tempo.
Noutra encontramos cartões de Natal antigos e revemos a letra de pessoas que nos são queridas e que fazem falta imensa em nossos dias atuais, pelo seu carinho e por suas palavras, mas hoje só os cartões restaram fisicamente para nos alentar o coração. Ali mesmo encontramos outros de amigos que nos encontramos mais distantes, mas onde podemos conferir endereço e até mandarmos uma correspondência para saber notícias, pois, certamente não se mudaram do local, mas em tempos de agenda eletrônica acabamos relevando aqueles contatos mais antigos.
Em outro cômodo, um saco colorido esconde em seu interior uma quantidade significativa de brinquedos que um dia estiveram esparramados pela casa, dando agora sabor especial às nossas lembranças, que afloram mostrando dias felizes da infância de nossas crianças, quando a vida era vista com outros olhos, cheias de perspectivas, esperanças e sonhos... Hoje as crianças cresceram deixaram de lado os brinquedos, não mais se espalham pelos cômodos da casa, moram em outra casa, levam suas vidas, continuam tornando nossos dias mais felizes quando aqui retornam, mas vivem suas vidas, assim como nós, com seus afazeres e responsabilidades e, em ordem seus lares, porque certamente lembram-se dos tempos de criança, quando após brincarem e espalharem tudo pela casa ouviam, que deviam guardar tudo no mesmo lugar em que encontraram, amanhã seria outro dia e iam querer brincar de novo... E assim a vida segue...