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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

O peixe morre pela boca

19 setembro 2018 - 23h59
O peixe morre pela boca é um adágio popular para designar o perigo de falar muito. Mas também pode ser interpretado de forma mais literal segundo a qual o peixe morre por descuido na escolha de seu alimento: é fisgado por um anzol na procura por minhoca.
Assim também ocorre conosco, seres humanos. De acordo com o Sistema de Informações do SUS (Datasus), as principais causas de morte decorrentes de doenças crônicas não transmissíveis são o câncer, diabetes, hipertensão, obesidade e problemas cardiovasculares. Trata-se de doenças diretamente relacionadas com o estilo de vida: alimentação, pressa, redução das horas de sono, sedentarismo, stress.
O alimento consumido de forma rápida e com excesso açúcar, farinha, gordura e sal é um dos causadores de males à saúde. Segundo o professor Paulo Saldiva, o aumento da oferta de alimentos menos saudáveis e cada vez mais baratos é uma das causas do excesso de sobrepeso e obesidade entre nós: quase 20% da população adulta está obesa, segundo o Ministério da Saúde.
Diante da centralidade do tema alimentar para o desenvolvimento humano e suas interfaces com a agricultura, meio ambiente, educação e saúde, a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável elaborou uma carta de compromissos direcionada às pessoas que se candidataram às eleições 2018.
A Carta consta de 10 itens: promoção de saberes e práticas da alimentação adequada e saudável; proteção e apoio à amamentação; fortalecimento da agricultura familiar e agroecologia; efetivação da proibição da publicidade infantil; restrições à publicidade de alimentos ultraprocessados; melhorias nos rótulos dos alimentos; medidas fiscais em prol da alimentação saudável; alimentação saudável nas escolas; garantia do direito à água; monitoramento de práticas que estimulem condutas alimentares nocivas à saúde.
Mesmo com 20% da população brasileira adulta obesa por um lado, e a fome rondando a mesa dos brasileiros por outro lado, o tema da alimentação é mal tratado pela maioria dos candidatos à presidência da República.
Até 19 de setembro, a Carta da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável tinha sido assinada apenas por Guilherme Boulos e Marina Silva. Ambos, além de assinarem a Carta, também tratam do tema em seus respectivos programas de governo.
Dos principais candidatos à presidência da República, um não trata do tema (Jair Bolsonaro), dois tem em seus vices representantes e defensores explícitos do agrotóxico e do veneno na mesa (Ciro Gomes e Katia Abreu; Geraldo Alckmin e Ana Amélia). Fernando Haddad, apesar de tratar do tema em seu programa de governo, até o momento não assinou a Carta da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável.
Para retomar o adágio popular, há peixe para morrer pela boca em muitos sentidos: pela omissão, por excesso de veneno, por não assinar compromisso. Marina Silva e Eduardo Jorge mantem o peixe vivo: além da assinatura de compromisso, do repúdio explícito ao agrotóxico, da defesa da agricultura familiar e da alimentação saudável, inovam ao assumirem entre seus compromissos a luta pela libertação animal!