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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Coluna

Tesouros guardados

02 janeiro 2019 - 22h59
De repente você mexe num antigo baú, cheio de cartas e escritos de um tempo que se era jovem e cheio de expectativas...
Resolve que já é tempo de colocar fora tudo aquilo que um dia foi importante e que hoje são meras lembranças, mas antes abre cada cartão comemorativo e lê as mensagens neles contida e a memória aflora aquele momento especial, aquela pessoa tão querida que hoje não mais está aqui, entretanto, suas palavras escritas permaneceram para lembrar do quanto amor os envolvia, quanto entendimento e preocupação os envolvia...
Não mais podemos ouvir aquela voz que nos deu conselhos, que desejou sorte e felicidade diariamente e que muitas vezes, nos momentos em que suas palavras nos contrariavam nem prestávamos muita atenção... Hoje é só saudade e, lemos com calma e muito mais entendimento as palavras desenhadas em folhas amareladas e, percebemos que não estávamos preparados para "ouvir" e "entender" o que queria nos dizer, pois, agora com a calma e os anos que nos amadurecem entendemos muito melhor cada palavra ali lançada.
Não há arrependimento pelas atitudes que tomamos, afinal anos separam aquelas mensagens dos tempos que vivenciamos, mas percebemos que se hoje há reclamos, eles poderiam não existir se tivéssemos ouvido e lido com mais atenção as mensagens enviadas...
A juventude e o afoitamento não são bons companheiros para as decisões de uma vida inteira e, os mais velhos com olhar e entendimento apurado pelo tempo veem o que não conseguimos enxergar e sequer imaginar... Ah Hoje sabemos bem disso!
A vida e suas modernidades mudaram velhos hábitos, tal qual o de escrever cartas... Trocava correspondência com amigos com muita frequência e aguardava ansiosa a chegada do carteiro com as respostas e as novidades... Hoje usamos o wathsapp e por conta da quantidade, muitas vezes nem sequer lemos mesmo as mensagens mais importantes e não termos como relembrar lá no futuro, pois, elas se esvairão...
Um bilhete carinhoso me lembra do dia em que minha mãe em sua simplicidade deixou sob o meu travesseiro uma joia que até hoje uso, o anel de formatura, que ela adquiriu em suaves e silenciosas parcelas, para me surpreender ao final do curso universitário, com o orgulho materno e alegria de ver a filha formada...
Relembro cada momento, o abraço apertado e carinhoso, as lágrimas que corriam pelos nossos rostos, assim como o anel a frequência aos bancos universitários foi custosa e demandou muita força de vontade e economia, mas a alegria de ambas se misturava naquelas lágrimas salgadas e no amor que nos envolvia...
Naqueles guardados encontramos cartões que nos felicitavam pelo casamento... Pela gravidez e pelo nascimento de nossos herdeiros, por momentos de vida e de conquistas... Muitas daquelas pessoas não mais estão conosco, mas relembramos suas presenças e seu carinho como se tudo tivesse acontecido há algumas horas apenas...
Até os cadernos escolares nos levam aos bancos da faculdade e aos colegas com quem convivíamos felizes...
Então revemos tudo com muito carinho e nos dispomos a colocar todas aquelas lembranças fora, afinal são importantes somente para nós, fazem parte de nossa existência e não dizem respeito a mais ninguém...