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Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
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Coluna

Um convite

06 junho 2019 - 23h59
Recebi um convite. Parecia uma convocação. Fiquei pensando nisso. É um jeito meio moderno de trazer as pessoas para os seus eventos. Sucesso é quando todos os “convidados” vem. Os custos se diluem. Custos? Sim, claro, o convidado paga...
Gente, convite para evento gratuito... nem existe mais isso.
Gosto de fazer convite ao imaginário. Convidar ao envolvimento. Conversava sobre isso com uns amigos em casa. De vez em quando eles aparecem. Alguns também escrevem seus contos, seus poemas. É bom intercambiar. Amizade sempre contribui. E um deles lembrou de certo poema meu, de há muitos anos. Fui tentar achar. Tem vezes, muitas vezes, tantas vezes, em que os leitores vão bem mais longe do que o escritor, do que o poeta. Já constatei e demonstrei isso em estudos. O autor apenas propõe. Quem entende, quem interpreta o texto é o leitor. Nem sempre o autor alcança o que se propôs. Isso, exatamente, um texto escrito é apenas uma proposta. Mesmo um poema. Um convite? 
Fui confirmar. Lá estava, achei, o título era esse mesmo, “Convite”:
“venha ao sonho/ por um instante/ apenas do estalar de uma gota/ nem ouse medir no tempo/ feche os olhos/ olhe para dentro/ repare na criança/ que permanece atenta/ lá no fundo de você/ ela quer muito mais/ do que um simples ter/ de correr e de fazer”//.
“deixe que a luz/ encante os ouvidos/ num sabor de perdidos versos/ sinta que a melodia/ adoça os seus pelos/ escorre pelas mãos/ lambuza todo o colo/ como chocolate derretido/ só então/ desfrute o que arde em cada dedo/ não faz sentido tudo o mais/ vale a vida/ toda a criação”. 
Um parceiro leu o texto em voz alta. Não li junto, só ouvi. Ele deu lá a sua entonação. Um outro se deu conta disso, leu também. Eram como que poemas diversos. Mais uma confirmação do que disse aí em cima, é o leitor que sente o que você expressou. Por vezes você acerta quando um leitor exibe o seu mesmo sentimento. Mas outros vão circular por caminhos em que, tantas vezes, nem pretendeu, nem sempre nos damos conta. 
Tente você aí. Leia uma vez, duas, três. Será que saíram iguais? 
Olhamos do nosso próprio jeito. Com mais ou menos atenção. E vemos coisas especiais. Nem todos veem como você. 
Viver no mundo é assim. Estamos sentindo isso em nosso País. Somos diversos, somos diferentes por que vemos diferente. Mas podemos nos aproximar? Certamente! É preciso ter vontade, disponibilidade para se colocar acessível ao outro. Será que lá no fundo, no ponto de chegada, não queremos coisas próximas. Será que ao final não queremos o Bem de Todos?
As palavras mudam seu sentido com o passar do tempo, com certeza. Mesmo que ditas por nós mesmos. Assim também os nosso gestos, também nossas posturas. Mas no fundo de nós, será que não desejamos o mesmo?
O que queremos para a nossa família? Para os nossos amigos? Para a nossa cidade? Para o nosso país? Estamos mesmo tão afastados assim?
Então, vamos fazer um convite! Será que com todas as nossas diferenças não queremos, desejamos, sonhamos, alguns pontos bem parecidos?