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Jornal Diário de Suzano - 28/04/2024
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Coluna

A Poesia nos Renova

27 maio 2023 - 05h00


Sim, eu sou Poeta, e isso me move. E tento, como se fosse uma obrigação, envolver mais gente nesse encantamento das palavras. Com certeza nesses anos todos já encontrei gente que não gosta ou não reconhece a Poesia. Mas busquei trazer mais gente para perto, como talvez faça aqui e agora.
Reconheço que busquei chegar a qualidade do verso. Estudei, estudo, bastante, sei bem. Desde que me dediquei com o afinco necessário passaram-se esses sessenta anos de prática que vivo agora. Tinha lá meus dezesseis para dezessete aninhos de idade. Ainda estava marcado pelos poetas Parnasianos, com um bom tanto de rigor nas métricas. Cada verso tinha de ter seu número preciso de sílabas. As rimas tinham de seguir as regras precisas. Difícil.
Pouco tempo depois, já no Ensino Médio, fui tentando outras leituras, mais Modernistas. Era sofrido fazer poemas, modelando os versos fora da métrica, alternando outros tipos de rimas. Não era fácil alterar as minhas construções poéticas. Nesse meu início tive orientações do Mestre Mario Quintana, em Porto Alegre, onde eu morava com meus pais. Fui rejeitando um bom tanto do que havia escrito antes. Uns outros poucos ainda tenho. Se quiser saber mais das dicas do Quintana, leia alguns livros dele. Ele orienta. Foi por aí, em 1965, que publiquei meu primeiro Poema num jornal estudantil, na Escola Júlio de Castilho. Perdi esse impresso, mas foi um orgulho então.
Em 1967, com a Família, voltamos para São Paulo, onde me formei no Ensino Médio, o antigo Clássico, que preparava para as Faculdades de Ciências Humanas, ali no querido Instituto (hoje Escola Estadual) Fernão Dias Paes, no Bairro de Pinheiros, uma escola-padrão na época. Ficaria feliz de reencontrar aqueles colegas-amigos. Vou tentar. Mas, voltando a Poesia, tenho ainda vários Poemas que conservei num “Caderno de Anotações”, manuscrito. Para vocês terem uma ideia, repasso aqui um Poema desse tempo, 1967, quando ia para os meus vinte e um anos de juventude, já um pouco libertado da rigidez métrica.
Vejam: “Verdade”
“o que há para cantar/ não é um canto de alegria/ o que se deve cantar/ não é um canto de tristeza/ é um canto sentido/ não um canto sofrido/ com vontade de chorar/ mas que porte sentimento/ que seja sincero/ para não ser mentido/ que não seja artificial/ pois seria vazio/ não dando significado/ ao que dissesse./ é preciso a verdade/ não a mentira encobrindo/ o que se faz/ assim só assim/ tudo terá validade”.
Ia fazer vestibular de Filosofia, que só tinha na USP. Acho que esse Poema diz um pouco disso. Não deu certo, acabei cursando Direito, na PUC, de São Paulo.
Mas a Poesia não sai da sua vida. Entrou, é para sempre. Queria dizer mais pelos meus versos. A Poesia nos chega para encantar, propondo-nos reflexões, propondo sensações, propondo emoções. Chegando a nossa sensibilidade ela nos envolve pela sonoridade das palavras e vai ao nosso raciocínio. Penetra.
Não se recuse a Poesia. Permita que ela adentre. Ficará melhor. Renovado.