Lembro-me que quando criança gostava do Carnaval porque podíamos vestir fantasias. Não havia tantos preconceitos como alguns fazem implicações hoje em dia. As músicas, as referências, as práticas eram gerais, para todas as pessoas que se dispusessem a as assumir. Era uma coisa encantadora. Vejo que as crianças ainda hoje também se apaixonam por fantasias. Viver mundos diferentes é uma chance fantástica. Pequenos ou grandes entram em um outro mundo quando entram na fantasia. E essa vivência tem a força do envolvimento.
Quando vemos as pessoas dançando e cantando em Blocos de Carnaval, coisa bem forte nos últimos anos aqui em São Paulo, sentimos que é como se dessem uma escapadinha de seus universos, talvez cheios de agruras, para viverem as alegrias plenas da Festa.
Pois é, antigamente, o Carnaval era apenas na terça-feira. Mas foi aumentando. Tem cidades, como é bem o caso de Salvador, na Bahia, que a coisa se alargou para muitos dias, indo mesmo bem depois da Quarta-Feira de Cinzas. Aqui os Paulistas já se lançam na Festa no final de semana anterior. E os desfiles de Escolas de Samba já se iniciam antes, diferindo apenas dos lugares em que seus investimentos turísticos são maiores ou menores.
Podemos perceber que alguns filantropos se lançam também nesse período com campanhas bonitas. A alegria não faz as pessoas sentirem menos fome e temos de contribuir, claro. E esses agentes do bem se espalham por nossa terra com jeitos e condições que exibem a bondade de muitos e as necessidades de outros tantos.
Claro, sabemos todos que tem muita gente que não gosta de Carnaval e busca sempre sumir numa pousada, num pesqueiro, durante o período. É coisa normal temos de reconhecer. Nem sempre é fácil e simples. Muitos lugares, se não avisarem o gerente do espaço, serão surpreendidos com festas de batuques numa das noites.
Se a gente está na praia, no nosso litoral, vai ser acometida de um ataque de tambores e mais. São poucas as cidades que limitam caixas de som e outros equipamentos nas praias com fiscalização efetiva. A maioria das Prefeituras deixa pra lá. E, por vezes, é bem impróprio ficar ao lado. Quem gosta vai curtir, uai.
Semana passada conversando com amigos, com mais idade, alguns disseram que gostavam de assistir os desfiles das Escolas de Samba na televisão. Não tem mais paciência para assistir nas arquibancadas. Um deles lembrou que gostava dos desfiles de “7 de Setembro”, com crianças, adultos, civis e militares, coisa que não tem mais nem pela televisão. O mundo vai mudando, nem que a gente não aprove. As gerações vão assumindo gostos diversos.
O fato é que quando chega o Carnaval o mundo muda mesmo, em especial aqui no nosso belo País. Temos uma tradição que o mundo inteiro quer ver trechos, mesmo pela televisão no Exterior. Sabemos que depois virá a Quarentena, em que muitas interdições religiosas vão restringir a tantos até chegar a Pascoa.
Mas agora estamos aí. As Alegrias do Carnaval ao nosso lado. Vamos aproveitar do nosso jeito.