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Jornal Diário de Suzano - 28/04/2024
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Coluna

As Coisas Vem...

26 novembro 2022 - 05h00

Estava pensando nesses dias de umas tantas perdas, de gente que nos trouxeram uns encantamentos e agora nos deixaram. As doces marcas nos ficaram e vamos seguir com elas dentro de nós. Minha geração foi bem afetada por esses últimos impactos.
Recordando. Em Porto Alegre, aí por 1965 e 66, curtia muito o Mestre Mario Quintana, que me orientou muito em Poesia, coisa que estava iniciando a construir. Cursava o chamado Colegial, Ensino Médio da época, no Colégio Júlio de Castilho, escola modelo na Cidade, com prova seletiva. Lembro que na época assisti o espetáculo “Opinião”, um sucesso. No Rio de Janeiro foi com a Nara Leão, lá no Sul foi com a Maria Bethânia, em seus 18 anos, e seu “Carcará”. Direção de Augusto Boal.
Em 1967 morava em Pinheiros, bairro da Zona Oeste de São Paulo. Concluía o Curso Clássico, no Instituto Fernão Dias Paes. Fazia o período noturno, tentando um emprego pelo dia. Mas a coisa não andava fácil. Conseguia alguma coisa fazendo uns trabalhos escolares para uns tantos que podiam. Dava para dar umas saídas. Meus parceiros, em grande parte, estavam como eu. E tínhamos de economizar bem, como nos transportes. Íamos de Pinheiros até o Centro a pé, descendo a rua da Consolação. E depois subíamos novamente, claro. Um grupo de garotos e garotas.
Lá no alto da Consolação ficava o Teatro Record, sucesso de televisão enorme então. Ali é que aconteciam os grandes sucessos, com a Jovem Guarda, Hebe Camargo e outros mais. Encontrávamos Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléa, Jô Soares e por aí íamos. Eles conversavam com a gente. O Roberto Carlos sempre aparecia com um carro novo, conversível, esportivo. Quando queríamos assistíamos os espetáculos. As vezes tinha uma fila, mas nada terrível.
Em 1968 foi a vez da Católica, que depois virou PUC, onde fui cursar Direito. O então Deputado Montoro foi meu professor, nos dávamos muito bem. Assumi a liderança do Centro Acadêmico “22 de Agosto” e as atividades não pararam mesmo. Íamos a muitos espetáculos de Teatro, de Música. Curtia bastante. Com frequência encontrávamos o Chico Buarque (que estudou Arquitetura) e os garotos de MPB4.
Meu destaque já era o Clube de Jazz, nos Jardins. Tínhamos de atravessar a Avenida Rebouças. Íamos também ao Fasano, no Conjunto Nacional, esquina com a Avenida Paulista.
Por essa época apareceram os Festivais, quem ganhava virava ídolo. Aí se destacaram Caetano Veloso e Gilberto Gil, e, com certeza, Gal Costa. Todos eram acessíveis. Mas não tinha selfie.
Os sertanejos que conhecíamos eram os antigos, os de raíz, como os que o Rolando Boldrin destacava, com seus temas tradicionais e construções poéticas de qualidade.
Esses dias perdemos também o Pablo Milánes, cubano que fez sucesso, com “Yolanda”, que o Chico Buarque traduziu.
Talvez por essa soma, acabei lembrando do espetáculo “Liberdade, Liberdade”, uma montagem feita por Flavio Rangel e Millôr Fernandes. Grande sucesso em 1965. As coisas vem... e vão.