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Jornal Diário de Suzano - 27/04/2024
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Coluna

Informaticados

27 janeiro 2024 - 05h00

Será que esta palavra, “informaticados”, existe? será mesmo que somos isso?
A Informática tem nos ocupado, ou melhor, tem nos dominado. E agora nos dizem que a IA, Inteligência Artificial, já nos envolve definitivamente. E fico pensando no quanto já vivi nesses anos todos dentro desse imbróglio.
Lá pelo início da década de 1970, na França, fiz meu Mestrado já colocando um livro no computador da Universidade, era a Sorbonne. O computador ocupava um andar inteiro, um enorme salão. Eram vários aparelhos que recolhiam em suas fitas gravadas os dados que fornecíamos para ele. Salvávamos todas as palavras, uma a uma, em cartões perfurados, que o computador decodificava. Depois ele interpretava e respondia nossos questionamentos. Coloquei um livro inteiro de poesias do maior poeta português contemporâneo, Eugénio de Andrade, pouco conhecido no Brasil. O livro inteiro foi escrito com cerca de trezentas palavras diversas. A mais repetida apa receu só dezesseis vezes. Meu trabalho virou livro e tornou-se o primeiro estudo acadêmico do grande Mestre Eugénio de Andrade. Aquele era outro mundo.
De volta ao Brasil, a Universidade de Mogi das Cruzes me facilitou a compra de um computador pelo inicio dos anos de 1980. E daí em diante tudo mudou, mesmo! Claro, tenho ainda um PC, computador da Família. Mas tenho o meu Notebook para as atividades mais reservadas e para quando viajo.
Claro - como negar? - A tal da Informática nos tem ligado especialmente ao exterior, aos outros, afastando-nos, de certo modo, de nós mesmos. Será que todos se dão conta disso? Não creio. E o que nós, cada um de nós pode fazer para escapar dessa condição? Pois quando perdemos essa ligação, nos distanciamos do nosso encontro mais importante, o de quando entendemos como melhor agir para tudo, para todos.
O processo do uso da Informática, concretamente, não nos impede a meditação, não nos limita a reflexão, mas temos de nos libertarmos de todo tipo de restrição, mesmo que mínima. Na verdade, podemos ampliar nosso mundo, o nosso universo de entendimento. E devemos levá-lo aos demais. O entendimento humano é ponto crucial para todos nós. E para aceitarmos os outros temos de nos aceitarmos a nós mesmo. E isso implica em reflexão ampla. O que gostamos. O que queremos. O que visualizamos. O que nos propomos.
Um conhecido me disse algo dia desses, que talvez tenha me levado a estas minhas falas, disse que ele nunca se colocaria a refletir se o que faz é bom ou não. Ele entendia que mudar esse seu posicionamento poderia levá-lo a sentir-se infeliz. Não entendo assim, creio mesmo que devemos sempre buscar fazer o Bem aos demais, isso traria o Bem igualmente para nós, a nossa pessoa. 
Creio mesmo que isso nos leva a buscar os bons resultados, os mais positivos, de nossos atos, de nossas falas, expressão de nossos sentimentos, de nossos entendimentos.
Sei plenamente que podemos muito contribuir para nosso mundo se tornar ainda melhor para muito mais gente. Que isso possa se tornar nossa emoção.