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Jornal Diário de Suzano - 28/04/2024
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Coluna

Meu Abraço, Gente Boa!

17 fevereiro 2024 - 05h00

Estava aqui pensando em gente que passou e passa pela nossa vida. Lembro em especial das que nos trouxeram e trazem alegrias, encanto, felicidade. Temos muita gente, sim, nessas condições que nos envolveram. E isso é bom demais. Tente se lembrar, todas elas fazem parte da gente, estão um pouco dentro de nós. Sem nos dominar, mas oferecendo espaços adiante, direções, caminhos que podemos fazer. Coisas boas, sim.
Estava pensando nisso ao me lembrar de minha Mãe. Ela foi muito importante em todo o meu percurso. Não apenas porque me trouxe à vida. Ela era uma pessoa suave. Amava ajudar os demais. Ela foi a segunda esposa do meu pai. E, até por isso mesmo, completamos uma boa quantidade de irmãos. Filhos dela hoje somos apenas quatro vivos, sendo eu o mais velhinho.
Minha Mãe nasceu na cidade de Alegrete, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Cidade também do Mestre Mario Quintana, que muito me indicou direções na Poesia, a quem ela se referia como “o filho de Seu Quintana da Farmácia”. Ela veio ao mundo em 13 de Fevereiro de 1924. Estaria agora completando os seus 100 anos de idade, mas veio a falecer há 33 anos, no Rio de Janeiro, onde morava. Depois que voltamos da Europa e nos estabelecemos em Suzano, ela vinha muito nos visitar, amava encontrar com os netinhos. Minha mãe era de famílias antigas do Rio Grande do Sul. De um lado, de sua mãe, vinha dos Borges, gente que chegou aos Pampas no século XVIII. Será que você leu “O Tempo e o Vento” do Érico Veríssimo? Aquele romance se repetiu por muitos lá no Sul. E minha avó materna vai se casar com um Ferreira de Paula, que era de Família de lenço branco no pescoço, desde lá dos tempos da Revolução Farroupilha, da primeira metade do século XIX. Cada um na sua.
Na juventude minha Mãe veio para Porto Alegre, onde conheceu meu pai, que era Militar, viúvo, e tinha uma Escola de Contabilidade e Datilografia (verifique o que é isso!). Eles se casaram e eu apareci. Depois vieram mais. Meu pai foi transferido para muitos estados do Brasil. Mas onde mais permaneceu foi São Paulo, onde iniciei o Ginásio, o antigo Fundamental II, ficando até a Faculdade. Minha Mãe foi uma mulher bonita e maneira, sei bem. E em seu jeitinho fazia até meu pai mudar de opiniões, com calma. Tempos bons que nos passou. Fiz poemas a meus Pais. Fui preparando um livro com tais versos. Mais adiante completo. Um Poeta persiste em seus inventos. Minha Mãe persiste em mim. Encerro este relato com um Poema a ela. Talvez sirvam a vocês.
“Os Olhos”:
“os olhos de minha mãe sempre/ indicavam caminhos/ nas noites dos seus olhos/ brilhavam luas incandescentes/ de prata ficavam os mares/ nas rotas que me escolhi/ sei como sabia que não ia me perder/ nas coisas que não sabia/ teria o colo e suas mãos/ afagos e balanços/ segurança e perdão//
os olhos de minha mãe brilhavam/ o dia que um dia vai chegar/ fundos como cavernas/ protetoras do frio/ do vento ou do espinho/ chegavam lindos de cores/ como as flores da alegria/ domavam o triste/ afastavam a solidão/ rendavam de luzes ternas as ruas/ da infância eterna que me guia”