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Jornal Diário de Suzano - 28/04/2024
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Coluna

Ouvindo o que Dizem

27 agosto 2022 - 05h00

Essa semana, no dia 24 de agosto, pudemos comemorar o Dia dos Artistas. Um amigo mandou-me mensagem estimulando o agradecimento que devemos ofertar a essa gente encantadora na nossa vida. Em verdade os Artistas nos fazem mesmo escapar um tanto da nossa dura realidade e partir para algo como o sonho. Nem sei qual a origem dessa comemoração. Lembrei de coisas lá do tempo de criança, quando se marcava em agosto o mês de nascimento do Aleijadinho, o Patrono das Artes do Brasil. 
De fato esse Mestre pode ser mesmo reconhecido como um dos pontos altos de toda a Arte brasileira, como me veio na mensagem do amigo.
As pessoas passam por mim e me dizem coisas. Não tenho de me espantar. Um cronista é como um amigo que troca ideias com a gente. Esses dias alguém me disse que estava espantado como este ano corria. 
“Já passamos o meio do ano”. Sou aposentado, mas continuo com projetos a realizar e, por muita felicidade, quase sempre consigo realizar boa parte deles. E você, não importa a idade, cria planos?
A Bíblia, por exemplo, se a tomamos como o Livro da Lei, nos orienta que devemos, periodicamente, descansar ou dar uma certa parada ou reduzir a velocidade do nosso andar. Vejo as pessoas até saírem de férias, mas voltam mais cansadas. Todos devíamos ter uma forma de prática repousante, ou dispersiva do que fazemos no dia a dia, o tal do “hobby”. Mas, permitam-me, ainda acho que deveríamos ter uma atividade artística. Muitos conhecidos me dizem que não têm jeito para nada dessas linguagens. 
Pois acho que é falta de persistência, porque ainda não descobriram algo de que gostem. Arte existe em você, mas você é que não sente. Todos nós precisaríamos nos sensibilizar mais. E as linguagens artísticas nos permitem, nos possibilitam, isso.
Você já tentou mesmo encontrar a sua maneira de escapar pela Arte? 
Sei lá, gosto de desenhar, em bico de pena, com nanquim, mas acabo fazendo pouco. Amo mesmo é escrever. A prosa me encanta, mas me sinto mais enriquecido quando chego a um poema. São coisas muito diferentes, para quem faz. Você pode fazer prosa, até em versos, mas que continua sendo prosa. A poesia ultrapassa o verso, a forma, é algo além da maneira de expressar.
Ganhei, não faz muito, uma nova antologia do Mario Quintana, que conheci na minha juventude em Porto Alegre, há uns cem anos. Numa crônica ele dizia algo como disse certa vez para mim, ao lhe mostrar o que escrevia aos dezoito anos. Dizia ter dificuldade com a prosa: 
“A prosa não tem margens, nunca se sabe quando, como e onde parar. O poema, não; descreve uma parábola traçada pelo próprio impulso (ritmo); é que nem um grito”. Aliás, ele nem gostava de falar como se faz poesia. Sei por mim mesmo que quem lê um poema recria esse poema. E nem sempre lê ou sente o que o poeta pretendeu. Cada coisa, né?
Pense nisso. Crie sua própria arte, desenho, dança, prosa ou poesia, sei lá. Com isso crescemos. E podemos vir a ser melhores.