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Região

Bolivianos em situação de trabalho análogo à escravidão são resgatados de oficina têxtil

Ao menos 10 pessoas atuavam na confecção de roupas dentro de imóvel

20 abril 2018 - 17h15Por Marília Campos - de Itaquá

A Polícia Civil encontrou nesta sexta-feira (20) um imóvel que abrigava um grupo de bolivianos sujeitos ao trabalho análogo à escravidão. A casa de construção inacabada fica na Rua Geraldo Ferreira de Lima, no Jardim Napoli, em Itaquaquecetuba. Ao menos 10 pessoas atuavam na confecção de roupas, sendo quatro delas menores de idade e sem documentação. Os imigrantes trabalhavam, comiam e dormiam no mesmo local. O caso era investigado há cerca de uma semana pela polícia que ainda não tem o responsável pela atividade.   

A casa tem aproximadamente 500 metros quadrados, três andares com espaço amplo o suficiente para abrigar dezenas de máquinas de costura, mesas, moldes, tecidos e centenas de peças de roupas que supostamente são comercializadas na capital paulista e em outros pólos de comércio. Além disso, cerca de cinco quartos eram usados como dormitórios para os bolivianos que ali viviam, em um ambiente escuro, úmido e tomado pela poeira. Em meio ao maquinário, uma cozinha improvisada divide o lugar, que conta com panelas, alimentos rápidos, e um papel fixado à parede com o dizer ‘lista para cocinar’ seguido pelos nomes dos imigrantes que acompanhavam uma rotina para cozinhar e servir alimentação ao grupo.

De acordo com o delegado Eliardo Amoroso Jordão, do 1º Distrito Policial (D.P) de Itaquaquecetuba, as investigações de uma semana da Polícia Civil levaram até o endereço onde os agentes se depararam com o grupo completo, de 15 a 20 indivíduos. Durante a ação alguns bolivianos fugiram, restando 10 pessoas, sendo quatro delas menores de idade. “Alguns não têm documento de identificação. Serão todos encaminhados à delegacia e os órgãos competentes serão acionados. Todos estão muito assustados”. Para o delegado, não há dúvidas quanto à situação escravagista encontrada. “Não tem como negar o trabalho. Pegamos com a ‘mão na massa’. Eles não sabem dizer há quanto tempo estão aqui, mas na delegacia aos poucos a gente vai levantar isso aí e buscar quem é o dono do imóvel”.

A averiguação do caso deve contar com ações da Vigilância Sanitária, Instituto de Criminalística, Polícia Federal e Ministério do Trabalho. O departamento de Posturas da prefeitura de Itaquá compareceu à ocorrência e lacrou o espaço. “Caracterizamos como comércio, pela indústria. Então a gente lacra pela falta de alvará de funcionamento”, explicou Eliane Anette, responsável pelo setor.   

No primeiro momento, a polícia não pode informar quanto à legalização dessas pessoas no país. Contudo, a suspeita é de que um casal que integra o grupo esteja no Brasil há quatro anos e tenha sido os responsáveis por trazer os demais. Outro casal e um bebê também viviam no espaço, mas há dias deixaram o local. Segundo um dos agentes que participou da ação da polícia, os imigrantes são da cidade de Cochabamba.

DENÚNCIAS

O delegado à frente da operação repercutiu o cenário da atividade escravagista verificada no município. Há cerca de dois anos houve uma situação parecida e, segundo Eliardo, as denúncias surgem rotineiramente. “As informações chegam a nós, vamos verificar, mas não constata. Fato é que tem muita denúncia neste sentido aqui e nas regiões vizinhas. Eu acredito que isso acontece principalmente por conta do que dificulta a fiscalização. Itaquá é um município grande e populoso. Esse local não chama atenção, é uma casa que passa ‘batido’ na rua. Os órgãos competentes têm atuado com rigor e bastante competência neste seguimento. Seja a polícia ou prefeitura, estão atuando com muita rigidez para o combate do trabalho escravo”.

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