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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Editorial

A quem ouvir?

13 abril 2020 - 23h59
O feriado da Semana Santa é uma data significativa para o povo brasileiro, que possui 64,6% da população que declara-se católica, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas, independente de religião, a Páscoa deste ano impactou toda a nação com o modo atípico de comemoração. A saudade dos familiares, a falta de abraço e de rodas de orações durante o almoço típico com bacalhau, com certeza marcaram o feriado de Páscoa de 2020 na memória de todos. 
Vivemos dias duros. O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse durante entrevista ao Fantástico da Rede Globo, no último domingo, que mais “dias duros virão”. 
O ministro afirmou que os números de casos confirmados e óbitos no País são subestimados. Mandetta reforçou que o ministério “imagina que os meses de maio e junho serão os sessenta dias mais duros para as cidades” e “em algumas regiões, até julho”. 
Estamos lidando com o desconhecido. Não sabemos o que irá de fato acontecer nos próximos dias. A todo momento recebemos novas notícias, novos números, novos dados, novos estudos, entre tantas outras informações. 
Quem escutar? Quais orientações seguir? O que fazer? Em um momento em que se está numa sala escura e não se sabe onde está a porta de saída, basta escutar a voz de quem orienta o caminho de escape. Mas, e quando a voz, não é uma, mas na verdade duas? Quem seguir? 
Existe um fato: emergência sanitária por conta do coronavírus. E acarreta consequências.
Contrariando instituições oficiais da Saúde, que defendem o isolamento social como atual “vacina” contra o coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro vem defendendo durante declarações o isolamento vertical, ou seja, apenas do grupo de risco e apontou o retorno do comércio como uma necessidade. O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que o presidente possui direito de decidir sobre “momento oportuno” para maior ou menor distanciamento social (leia mais na página 11). 
Um cabo de guerra entre a mão da Saúde e da República. Uma vez que o fato é um problema de Saúde, o bom senso aponta nossos ouvidos para os especialistas da área. A Organização Mundial da Saúde, os ministérios de Saúde dos País afetados pelo Covid-19, médicos, infectologistas, epidemiologistas, entre tantos outros profissionais da saúde orientam: fiquem em casa. 
O comportamento da sociedade, na fala do ministro Mandetta, vai ditar o futuro do Brasil em relação à curva do coronavírus. O que preocupa é que nota-se um afrouxamento das pessoas em relação ao cumprimento da quarentena. Nas ruas pessoas passeiam, fazem compras e exercícios físicos. 
Uma prova, diante de tanto discurso, é o bom exemplo de Portugal no controle ao avanço do coronavírus. No País europeu, o número de casos já está estável há duas semanas, após alcançar o ápice da curva. Os portugueses seguiram à risca as orientações de isolamento social logo no início da pandemia. Ruas vazias. Comércio fechado. Esse foi o cenário que iluminou a sala escura em Portugal, e a saída deles foi pela porta com a voz da Saúde. No Brasil, torcemos pelo mesmo cenário. Fique em casa.