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Jornal Diário de Suzano - 26/04/2024
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Editorial

Maus-tratos e agressões

17 março 2018 - 00h00
Uma importante pesquisa produzida pela Comissão de Proteção e Defesa Animal, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) subseção de Suzano e divulgada nesta semana mostra dados estatísticos da relação entre a violência doméstica e os maus-tratos aos animais. 
A constatação é que quando animais sofrem abusos, as pessoas estão em perigo. Quando as pessoas sofrem abusos, os animais estão em perigo.
A sociedade está mostrando que não aceita e não tolera a violência contra as mulheres, assim como considera inadmissível maus-tratos aos animais.
 
O fato é que embora felizmente a violência contra a mulher seja cada vez mais denunciada e muitos casos estejam sendo revelados, há uma faceta deste delito que ainda permanece nas sombras. Trata-se da agressão que também sofrem os animais de companhia que habitam sob o mesmo teto que o agressor.
O estudo, em Suzano, encabeçado pela presidente da Comissão, Ariana Anari Gil, em parceria com a Delegacia da Mulher (DDM), apontou a conexão dos temas em 39% das vítimas entrevistadas.
O questionário sobre o comportamento do agressor com os animais foi aplicado a 57 mulheres atendidas na DDM, entre maio e agosto de 2017. Ao todo, 39% dessas vítimas disseram ter percebido atitudes violentas do parceiro com animais. Das 37 mulheres que possuem bicho de estimação em casa, 47% confirmaram a hipótese (ou seja 17). Do grupo de vítimas que não possuem bichos, 20% verificaram a agressividade com animais de terceiros.
 
Entre as observações deixadas pelas entrevistas, destaca-se relatos como "Já matou o cachorro e jogou em cima de casa"; "Matou dois gatos e feriu um cachorro"; "Ele costuma descontar a raiva no animal" e "Já matou animais de estimação". 
Especialistas afirmam que os animais de estimação que convivem em um lar violento muitas vezes são utilizados como ferramenta de ameaça ou de coação. Assim, o cão, ou o gato transforma-se em um objeto de vingança ou de controle sobre a companheira. Também sobre os filhos ou outras pessoas do grupo familiar.
 
Este é um dos motivos pelos quais a mulher retarda a saída da casa. Teme, e muito, pelas represálias que o peludo pode vir a sofrer.
E também há de se considerar que os animais de estimação costumam ser um grande apoio emocional para estas pessoas. Por isso, muitas vezes, elas não querem se separar.
A criação de leis estaduais de proteção animal é, portanto, uma medida importante.