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Jornal Diário de Suzano - 25/04/2024
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História de Vida

Atleta suzanense supera tragédia por meio da prática ao esporte

João Batista se envolveu em um acidente de veículos e perdeu a perna esquerda e a ex-esposa. Por meio do futebol, corrida e natação deu a volta por cima e hoje é um exemplo de vida

16 janeiro 2018 - 15h33Por Lucas Lima - de Suzano

Depois de perder a esposa e ter a perna esquerda amputada, em 2009, o atleta suzanense João Batista de Oliveira Santos viu no esporte a oportunidade de superar a maior tragédia da vida. “Beirei a loucura. Não sabia se me entregava e caia para a depressão ou se erguia a cabeça e a ocupava com alguma coisa”, relatou. Em menos de um ano, ele decidiu entrar para o Corinthians Mogi Futebol Amputados, onde traçou novos rumos e começou a praticar o próprio futebol, corrida, pedal e natação. Hoje, ele se tornou um grande exemplo de superação não só na cidade, mas também no Alto Tietê, incentivando pessoas a seguirem o mesmo caminho.

Era 29 de março de 2009, quando João se envolveu em um acidente na Rodovia Doutor Manoel Hipólito do Rêgo (BR-101), mais conhecida como a Rio Santos. Ele desceu para a Praia de Indaia um dia antes, onde foi comemorar o aniversário da filha Priscila dos Santos. Na data e horas antes do fato, ele foi ver um amigo jogar futebol, que também estava no Litoral Norte. Após assistir apenas o primeiro tempo da partida, o suzanense resolveu passear com a ex-esposa Marcia de Jesus Dias dos Santos de moto pela região de Bertioga. Ao entrar na rodovia, ele não andou nem 500 metros para enfrentar uma forte chuva de verão, que iniciou sem dar a oportunidade de seguir em frente. Por precaução, João decidiu parar o veículo no acostamento. Foi no momento em que parou a moto e pisou no chão, quando um carro descontrolado veio e colidiu com a moto do suzanense. “Vi um vulto e depois só percebi que estava rolando. Não senti dor nenhuma”, contou.

O carro que colidiu com a moto de João não parou para socorrê-los. O suzanense quebrou e teve fratura exposta no braço esquerdo, teve o osso do femo da coxa esquerda estourado e dois ossos da bacia quebrados. A ex-esposa registrou os mesmos ferimentos, mas devido a chuva que caia no local ela não resistiu e morreu de hipotermia no local.

Internado, João ficou sabendo dois meses após o acidente que a esposa, com qual estava casado há 19 anos, morreu. Além disso, teve que amputar a perna esquerda para sobreviver. “Foi um momento difícil, onde tudo passava pela minha cabeça”, expressou.

No início de 2010, João entrou no Corinthians Mogi Futebol Amputados. Ali ele virava a página da história de sua vida e construía um recomeço com o que mais a ex-esposa pedia para ele. “Marcia me chamava para praticar esporte, principalmente corrida, e eu nunca prestava atenção, só fazia promessas”.

Em trancos e barrancos, ele iniciou no esporte e há quatro anos coleciona grandes conquistas pelo futebol: foi tetra campeão brasileiro, tetra campeão paulista e campeão da Copa do Brasil, fora outros torneios nacionais. Treinando duas vezes por semana no Corinthians, ele decidiu correr e também pedalar. Na corrida, já participou de seis São Silvestres (15 quilômetros), de seis maratonas (42 quilômetros) e nove ultra-maratona (75 quilômetros). Recentemente começou a natação. Isso porque o atleta tem objetivo de disputar neste ano duas provas de Triathlon (corrida, natação e pedal).

Mesmo diante tanta superação, João busca se dedicar mais ao esporte para continuar motivando pessoas. “Sinto-me não realizado, mas sim, me realizando a cada corrida principalmente. Muitas pessoas olham para mim e dizem que começaram a praticar esporte depois de me ver. Tirei uma força de vontade e uma dedicação que eu não imaginava que tinha”, enfatizou.